Curta Paranagua 2024

Taboor
Por Fabricio Duque

“Taboor” apresenta-se como a vanguarda do cinema iraniano. Com temática existencial e planos longuíssimos (com frames de espera estendida), a narrativa importa o tempo e o silêncio dos filmes
interioranos e clássicos da cinematografia do Irã. Neste, o diretor Vahid Vakilifar (de “Gesher” em 2010 – premiado nos festivais de Abu Dhabi e de São Petersburgo) insere estrutura futurista dentro da realidade
concretista. São apresentadas os porquês aos poucos, sem a explícita explicação.
Infere-se todo tempo. Entendemos que a missão de um homem misterioso é destruir ninhos de baratas, vestido com um traje de alumínio, assim como a linha narrativa de condução. Vahid, nos créditos finais, agradece ao cineasta Abbas Kiarostami, principalmente por sua obra “Gosto de cereja”. Há lógica inferência ao universo de outro diretor: Andrei Tarkovski. O filme é o retrato de um dia
na vida de um senhor que trabalha com dedetização e que sofre de uma doença,
protegendo-se em ambientes e roupas metalizadas de alumínio. As metáforas da
morte, da espera pela vida, do tédio são indicadas pelo som. Os ruídos participam como
personagens palpáveis, ora como proteções a outro semelhante, ora como defesa da
própria individualidade. Não há diálogos. E sim narrações que tentam transpassar
a própria trama, analisando o tudo ao redor e as especificidades: (“A barata é mais limpa que a mão do ser
humano”, “A carne que iguala o fritamento do corpo”), o simulador 5D que suspende o pensamento real. Percebemos uma existência sem futuro, sem descobertas, sem pessoas. Taboor é um
filme curioso, que instiga, que cansa, que divide opiniões, mas que corrobora que ninguém sai
imune dos simbolismos surreais projetados desta obra de realismo fantástico.

Pix Vertentes do Cinema

Deixe uma resposta