Por Fabricio Duque
“Sociedade Indiferente”, do diretor Rodrigo Plá (de “La Zona”, “Deserto Adentro”) é definitivamente o “Relatos Selvagens” do México, visto a temática de “rebelião” pessoal (individualista), “explodindo” com consequência psicológica-surtada o limite da “paciência” em um sistema social que convivemos e que aprendemos no dia-a-dia a arte da resignação. É baseado no livro homônimo “Un monstruo de mil cabezas”, de Laura Santullo, que também escreve o roteiro deste filme. A narrativa, que intercala com o som “off” do julgamento (fornecendo ao espectador a informação prévia do final – quase um “spoiler”) gera a sinestesia, criando atmosfera sensorial de necessidade urgente versus burocracia das regras, que neste caso é sobre uma seguradora e o direito do consumidor de “ganhar o favor” do atendimento (e o exame). “Sociedade Indiferente” estimula a impotência do ser humano, o “restringindo” ao depois e à “amanhã” (ou “Segunda-feira resolvemos isso”). Aqui, a indiferença com o próximo é explícito, expondo a “necropsia” do comportamento interpessoal contemporâneo, mais egoísta, mais incomunicável, mais impaciente e menos solidário. Vivemos em uma sociedade de “únicos mundos”, exacerbando nosso subjetivismo dentro de uma coletividade intolerante, quase “zumbilesca”. Somos mortos-vivos que se esbarram, que precisam de redes sociais para se comunicar, mas que no fundo perde-se no próprio interno de uma alma solitária. A solidão é o novo estilo. É a moda. Junte-se a ela. A sinopse. Um animal ferido não chora, ele morde. Desesperada em busca do tratamento médico necessário que garantirá o conforto e a dignidade de seu marido – vítima de câncer em estado terminal –, Sonia dá início a uma cruzada contra a sua corrupta e negligente companhia de seguro saúde e seus cúmplices. Ao lado de seu filho, ela embarca em uma espiral vertiginosa de violência e morte. Uma rede de abuso corporativo que vem ultrapassando os limites da América Latina para se tornar um esquema de corrupção global. Filme de abertura da mostra Horizontes do Festival de Veneza 2015.