Curta Paranagua 2024

Crítica: Os Olhos Amarelos dos Crocodilos
Por Fabricio Duque

“Os Olhos Amarelos dos Crocodilos”,
da diretora belga Cécile Telerman (de “Se Fazendo de Morto”, “Tudo Pelo Prazer”),
integra a “nova onda contemporânea” de filmes franceses que buscam a estrutura
americana hollywoodiana, ao utilizar a comédia-novela de situações-erros, incorporando
características típicas como a superficialidade a fim de traduzir as histórias
por meio da atmosfera da leveza narrativa, pincelando reiterações das reações
comportamentais dos franceses, e conjugando trilha sonora dos dois estilos. O
roteiro é transpassado por elipses temporais, “causando” um equilíbrio desnorteado,
perdido e sem ritmo (como as lembranças por filmes caseiros – período que
estudou na New York Film Academy e do grande amor passado), apenas retratando
instantes em núcleos segmentados. Aqui há mulheres infelizes no casamento,
filha rebelde (cruel e oportunista), mãe autoritária, irmã “ghost writer” (livro
feminista a La Virginia Woolf), o marido que viaja para criar crocodilos, entre
tantos outros gatilhos comuns que precisam acontecer para que a história possa
se desenvolver banalmente, como o natal, o jogo de futebol, os jantares, e os “esbarrões”
em possíveis “novos” amores. Tenta-se uma naturalidade François Ozón de ser,
porém há a fragilidade da artificialidade, que busca tanto o “consumo” palatável,
que esquece realmente de aprofundar detalhes, com reações que beiram a
caricatura e o clichê ambulante (enquanto ela chora no cinema, ele dorme; a
secretaria que dorme com o chefe; e a apelação máxima de um irmão gêmeo – um modelo,
outro intelectualizado). Com uma sucessão de reviravoltas óbvias e “mastigadas”,
“Os Olhos Amarelos dos Crocodilos”, que conta ainda com um elenco de famosos
atores (Julie Depardieu, Emmanuelle Béart, Patrick Bruel) infelizmente opta
pela expatriação, vagando sem rumo pelo limbo cinematográfico.  

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