O Nós Entre Nós
Por Fabricio Duque
É incrível como o diretor francês
Michel Gondry consegue simplificar um tema complexo, utilizando-se pela união
da realidade e ficção e pelo elemento geográfico de limitar o retrato
comportamental de um grupo de estudantes negros apenas dentro de um ônibus, rodado
inteiramente no bairro do Bronx em Nova York, nos Estados Unidos. A metáfora existencialista
inicia-se desde o nome escolhido para o filme “The We and The I”, traduzido
como “Nós e Eu”. Se analisarmos a estrutura literal da expressão linguística,
perceberemos que o “The” inglês quer dizer mais do que um simples acompanhante
do sujeito. O mesmo estudo acontece na língua portuguesa.
Michel Gondry consegue simplificar um tema complexo, utilizando-se pela união
da realidade e ficção e pelo elemento geográfico de limitar o retrato
comportamental de um grupo de estudantes negros apenas dentro de um ônibus, rodado
inteiramente no bairro do Bronx em Nova York, nos Estados Unidos. A metáfora existencialista
inicia-se desde o nome escolhido para o filme “The We and The I”, traduzido
como “Nós e Eu”. Se analisarmos a estrutura literal da expressão linguística,
perceberemos que o “The” inglês quer dizer mais do que um simples acompanhante
do sujeito. O mesmo estudo acontece na língua portuguesa.
O “Nós” (apenas) é
diferente de “O Nós” (junto). Da última forma, há restrição do grupo que
desejamos abordar. A estrutura sozinha cria o elemento genérico. Gondry está
certo ao buscar especificar um grupo “amostra”, que questionará, discutirá e
vivenciará momentos condizentes com o comportamento genérico dos jovens de hoje
em dia. Ainda no título, há a presença marcante da filosofia. O “Nós”
representa a coletividade social. O “Eu”, sinônimo de individualidade e ou
solidão criativa (como pensamentos e gostos que definem a própria personalidade).
Em um mundo cada vez mais livre, o próprio indivíduo busca o próprio mundo
único e não habitado, mesmo precisando incluir seu “Eu” no “Nós” da convivência
pacífica dos “semelhantes” (os outros).
diferente de “O Nós” (junto). Da última forma, há restrição do grupo que
desejamos abordar. A estrutura sozinha cria o elemento genérico. Gondry está
certo ao buscar especificar um grupo “amostra”, que questionará, discutirá e
vivenciará momentos condizentes com o comportamento genérico dos jovens de hoje
em dia. Ainda no título, há a presença marcante da filosofia. O “Nós”
representa a coletividade social. O “Eu”, sinônimo de individualidade e ou
solidão criativa (como pensamentos e gostos que definem a própria personalidade).
Em um mundo cada vez mais livre, o próprio indivíduo busca o próprio mundo
único e não habitado, mesmo precisando incluir seu “Eu” no “Nós” da convivência
pacífica dos “semelhantes” (os outros).
O espaço, entre o “Nós” e o “Eu”, é o
que simplifica o elemento abstrato de estudo, e o conduz, com outra metáfora (a
do ônibus – passageiros que entram e que saem, tendo conversas e
acontecimentos, durando o período do percurso), ao concretismo realista da
personificação comportamental, agindo como um documentário de observação
terapêutica. E é este limite tênue que o diretor busca traduzir na tela, com
seus habitais recursos cinematográficos de artesanato com tom amador. Há duas
maneiras que o espectador pode assistir ao filme. Uma pela informação prévia,
outra pelo total desconhecimento, como “caindo de paraquedas”. A primeira torna
a experiência memorável de quase genialidade. A que sobra, soa, a princípio,
como um filme de uma criança de doze anos com seu brinquedo novo (a câmera).
que simplifica o elemento abstrato de estudo, e o conduz, com outra metáfora (a
do ônibus – passageiros que entram e que saem, tendo conversas e
acontecimentos, durando o período do percurso), ao concretismo realista da
personificação comportamental, agindo como um documentário de observação
terapêutica. E é este limite tênue que o diretor busca traduzir na tela, com
seus habitais recursos cinematográficos de artesanato com tom amador. Há duas
maneiras que o espectador pode assistir ao filme. Uma pela informação prévia,
outra pelo total desconhecimento, como “caindo de paraquedas”. A primeira torna
a experiência memorável de quase genialidade. A que sobra, soa, a princípio,
como um filme de uma criança de doze anos com seu brinquedo novo (a câmera).
Quando
conferi a exibição no Festival do Rio do ano passado, vivenciei a segunda.
Desprovido de informação devido ao tempo curto de programação entre os filmes,
confesso que o achei ingênuo demais. Mas ao saber posteriormente que os
diálogos, ações e até mesmo ângulos de câmera foram determinados por estes “atores-estudantes-no
ônibus”, senti remorso e “corri” ao cinema para reassistir. Por exemplo, a
briga entre o casal gay (dramática, passional, quase clichê) representa
exatamente o que este casal gay (não ficcional) passou na época. Ou os “bullyng”,
picardias, silêncios. É o retrato de uma época. A nossa. E o fato de colocar “não
riquinhos” faz com que o questionamento real venha à tona. Concluindo, um filme
cru, que incomoda tanto pela proximidade, que aprisiona seus personagens (como
uma tortura psicológica), apresentando seus “Eu” como “cobaias” a “nós”
espectadores.
conferi a exibição no Festival do Rio do ano passado, vivenciei a segunda.
Desprovido de informação devido ao tempo curto de programação entre os filmes,
confesso que o achei ingênuo demais. Mas ao saber posteriormente que os
diálogos, ações e até mesmo ângulos de câmera foram determinados por estes “atores-estudantes-no
ônibus”, senti remorso e “corri” ao cinema para reassistir. Por exemplo, a
briga entre o casal gay (dramática, passional, quase clichê) representa
exatamente o que este casal gay (não ficcional) passou na época. Ou os “bullyng”,
picardias, silêncios. É o retrato de uma época. A nossa. E o fato de colocar “não
riquinhos” faz com que o questionamento real venha à tona. Concluindo, um filme
cru, que incomoda tanto pela proximidade, que aprisiona seus personagens (como
uma tortura psicológica), apresentando seus “Eu” como “cobaias” a “nós”
espectadores.
Após o último dia de aula, um
grupo de amigos está prestes a voltar para casa de ônibus, como já é de
costume. O que eles não sabiam é que essa não seria uma viagem comum. De alguma
forma, enquanto conversavam, contavam piadas e brincavam, eles acabam
descobrindo uma máquina que torna as pessoas mais jovens e iniciam uma viagem
através do tempo.
grupo de amigos está prestes a voltar para casa de ônibus, como já é de
costume. O que eles não sabiam é que essa não seria uma viagem comum. De alguma
forma, enquanto conversavam, contavam piadas e brincavam, eles acabam
descobrindo uma máquina que torna as pessoas mais jovens e iniciam uma viagem
através do tempo.