É, poderia ser pior, né…?
Por Pedro Guedes
O Brasil é dono de uma produção cinematográfica vasta e admirável que, espalhada em todas as regiões do país, produz filmes de todos os tipos possíveis; o que não deixa de refletir a diversidade cultural que existe em território tupiniquim. Dito isso, o Brasil também parece ter algum um problema com comédias: frequentemente produzidas a toque de caixa, as obras bem-humoradas que são lançadas carregando o selo da Globo Filmes (“O Candidato Honesto”, “Loucas pra Casar”, “Crô – O Filme”, “De Pernas pro Ar”, “Até Que a Sorte nos Separe”, “As Aventuras de Agamenon”, “É Fada!”, etc) não costumam ser das mais confiáveis.
Dito isso, este “Minha Vida em Marte” está longe de representar uma experiência dolorosa como os títulos que foram mencionados no parágrafo anterior – o que também não quer dizer, por outro lado, que seja bom. Dando sequência à história que começou em “Os Homens São de Marte… e é Pra Lá Que Eu Vou!”, que Susana Garcia e Marcus Baldini dirigiram em 2012, o filme volta a acompanhar Fernanda, uma mulher de 39 anos que trabalha em uma produtora de eventos variados (festas; casamentos; funerais) e que vem enfrentando algumas crises em seu casamento. Escutando os conselhos de seu sócio/melhor amigo Aníbal, a protagonista se vê cada vez mais induzida a entrar com um pedido de divórcio, pois a relação com o marido Tom já não está saudável como era antigamente.
Contando uma história que talvez funcione para quem está numa fase específica da vida (quem já casou e teve conflitos dentro do noivado provavelmente se identificará com várias situações que são mostradas aqui), “Minha Vida em Marte” tem boas intenções, mas não consegue aplicá-las de maneira particularmente interessante ou elaborada – e este é o maior problema do projeto: sua comodidade estética, narrativa e estrutural. Tudo no filme é apresentado de forma inofensiva demais para causar algum impacto e raramente contraria as expectativas do público – a exceção fica por conta do fim que leva a dinâmica entre Fernanda e Tom, que traz a protagonista tomando uma decisão que (aí, sim) foge do lugar-comum.
Na maior parte do tempo, porém, o roteiro (escrito por Susana Garcia, Emanuel Aragão, Julia Lordello, Mônica Martelli e Paulo Gustavo – pois é, tantas pessoas dividindo uma única função nunca é bom sinal) trata suas questões mais dramáticas de modo tão “engraçadinho” que nada parece contar com o impacto necessário – e quando finalmente chega o momento em que Fernanda decide se vai ou não se divorciar, ocorre um salto temporal que imediatamente redireciona o espectador para depois da decisão ter sido feita. Ou seja: trata-se de uma obra que prefere ignorar o peso do assunto que discute a fim de não comprometer o divertimento do público; o que denota, no mínimo, uma falta de ousadia lamentável por parte dos realizadores.
Além disso, a narrativa é estruturada de forma terrivelmente problemática: contando uma história que jamais flui com naturalidade, o roteiro constrói não uma trama contínua, mas um monte de pequenas situações que surgem de modo quase aleatório e se ligam umas às outras de maneira frouxa. Em um momento, Fernanda e Aníbal visitam uma sexshop; depois, descobrem que Tom comprou um porquinho para sua filha; mais tarde, vão curtir uma festa em uma casa de swing; aí num outro dia, resolvem viajar para Nova York; por fim, se hospedam numa pousada à beira-mar; e etc. Ao se prender nesta estrutura episódica, o filme se torna limitado e deselegante do ponto de vista narrativo e estrutural – e para piorar, a projeção soa bem mais longa do que precisava ser, ultrapassando uma hora e meia sendo que poderia perfeitamente durar menos que isso.
Dito isso, “Minha Vida em Marte” ao menos conta com uma performance central que, mesmo distante de qualquer brilhantismo, cumpre razoavelmente bem sua função: Mônica Martelli é bem-sucedida ao ilustrar tanto o bom humor de Fernanda quanto a desilusão que sente diante dos obstáculos que vão atrapalhando sua vida. Já Paulo Gustavo não foge muito da composição que apresentou em “Minha Mãe é uma Peça” e irrita um pouquinho ao repetir em excesso suas marcas registradas – como sua mania de falar rápido, reclamar de tudo e fazer uma série de comparações absurdas (embora estas até divirtam aqui e ali).
Trazendo uma mensagem a respeito de como uma amizade pode ser mais importante e valiosa do que um casamento, “Minha Vida em Marte” é uma comédia irregular que traz alguns momentos divertidinhos (como aqueles que giram entorno de um funeral), mas que também desaponta ao desperdiçar o potencial que havia em certas situações (a ponta de Anitta, por exemplo, é decepcionante).
Mas poderia ser bem pior, não é mesmo…?
2 Comentários para "Crítica: Minha Vida em Marte"
Amei minha vida em marte, amo Paulo Gustavo desde minha mãe é uma peça… Minha filha costuma dizervque ele tirou minha mãe é uma peça de mim!
Qtos filmes vc criar eu vou te ver, preciso rir muito… Conte comigo😍😍😍😍
Gostei do filme
Mas trás muito mal exemplo ao fracos de opinião, influência a família brasileira a traição, divórcio e perversão!