Curta Paranagua 2024

Meu Nome é Jacque

Je suis Jacque!

Por Fabricio Duque

Meu Nome é Jacque

“Meu Nome é Jacque” é um sensível documento-retrato sobre a essência “feminilidade” de sua personagem principal não ficcional. É um estudo analítico de micro-ações cotidianas, de viés psicológico-coloquial, que registra a importância existencial de uma vida que “nasceu em um corpo estranho”. O documentário-obra, que equilibra a emoção natural e nunca manipulando o sentimentalismo, e que é dirigido por Ângela Zoe (“a Gisele Bündchen” do cinema – da Documenta Filmes, produtora de “Betinho – A Esperança Equilibrista“), comporta-se como uma “peça” intimista, caseira, espontânea, linear, de arquitetura clássica (devido à narrativa de livres depoimentos) e altamente necessária-obrigatória nos dias de hoje (“ajudar a vencer o preconceito e o imaginário popular do tempo da avó – como o “medo” iminente de se deixar o chinelo virado, a mãe morre”), porque fornece conhecimento humanizado da homenageada que vive com o vírus da Aids, Jacque, e que foi uma “mulher” nascida erroneamente em um corpo de um homem.

Uma criança “menino” amada e entendida (por uma família, especialmente sua mãe, esclarecida de dogmas-regras radicais) como uma “menina” e estimulada a “reverter” a estranheza de ser incompreendida diferente e o trauma de se “olhar no espelho e encontrar um membro que não deveria estar lá” (“estava desfocada e inadequada – o pênis incomodava”). Jacque experimentou a felicidade plena de receber o amor incondicional, que destruiu qualquer possibilidade preconceituosa e padronizada de se “viver na caixinha normal”. O projeto aconteceu porque a protagonista acreditava que sua “vida daria um filme”, e que assim como Sherazade de “As Mil e Uma Noites”, prende a atenção-carinho-emoção do espectador pela importância, desenvoltura e curiosidade de suas incríveis-desafiadoras histórias reais, e posterga a sobrevivência, ganhando dias e mais dias para aproveitar a vida sobrevivente, com feliz simplicidade sem ser simplista; alto-astral a fim de transpor dificuldades; e paciência-garra enérgica para mudar a opinião alheia e fazer um mundo melhor.

Ao acompanhar seu cotidiano, “Meu Nome é Jacque” apresenta a corrida de obstáculos que foram rompidos por este rico personagem, levantando uma reflexão sobre o preconceito e homofobia. “Sentia uma raiva. Chorava. Por que eu sou assim? Considera-me um ET, uma monstra. Defendia-me com as fantasias de ‘Jeannie é um Gênio’. Não sou gay. Sou um mulher. Do gênero feminino”, diz-se comprovando que talvez a fantasia Disney (que se expressa como uma “fuga” da realidade) crie mais distúrbios (na sociedade) do que se possa achar (por que um menino não pode “odiar futebol” e preferir “moda”?). Jacque é perspicaz, espirituosa, tem o poder da palavra e “mostrava os rituais” de uma “menstruação” fantasiada. Passou por “Priscilla, A Rainha do Deserto”, pelo balé e pelo Dzi Croquetes. “Meu Nome é Jacque” intercala fotos antigos com uma mãe ultra realista e um irmão mega emotivo. Ela “queria externar a gayzice”; “não queria migalhas de prazer”; e “buscava a energia dos Homens”. E quando colocou pontes de safena, cuidou metaforicamente de seu coração.

“Deixa para chorar no dia em que morrer”, dizia a mãe (“que veio para transformar o mundo”). E ela seguiu a risca, mesmo com o tempo-ritual de tomar nove comprimidos diários, estimulando “cada dificuldade em mais força para viver”; brigando pelo “movimento de implosão do preconceito” de uma sociedade mais “justo e diversificada”, até porque é “subjetiva”. Jacque é “presenteada” todo santo dia com saúde e com a “cabeça” preservada (que, por suas histórias, o rei vai ficando mais e mais interessado”). É uma mulher realizada, amada e completa. Concluindo, “Meu Nome é Jacque” é um documentário altamente recomendado. Je suis Jacque!


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4 Nota do Crítico 5 1

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