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Luz nas Trevas – A Volta do Bandido da Luz Vermelha

A luz de Sonia Silk contra tempos sombrios

Por Fabricio Duque

Festival do Rio 2010

Luz nas Trevas – A Volta do Bandido da Luz Vermelha

“Luz nas Trevas – A Volta do Bandido da Luz Vermelha” é o retorno de Helena Ignês à atmosfera de Rogério Sganzerla, pelo seu roteiro de 3000 páginas condensado em um pouco menos de uma hora e meia. Os filmes do Sganzerla retratam uma época datada e atual, utilizando o discurso político visceral, perspicaz e com frases de efeito. As suas obras evocam a epifania e o surrealismo das ações, com luzes experimentais, interatividade-metalinguagem (a conversa direta com o espectador). No longa em questão, conserva-se este universo, criando-se a nostalgia marginal. Intercalam-se momentos: a vida na prisão descrita pelo bandido da Luz Vermelha e a vida iniciante no crime pelo filho (interpretado pelo excelente ator André Guerreiro Lopes) do preso.

A história de Luz Vermelha, lendário ladrão de São Paulo. Seu filho, o bandido Tudo-ou-Nada, é o fio condutor dessa história política e existencial. Adorado pelas mulheres, este Don Juan de segunda classe comete roubos a fim de desfrutar de uma ampla variedade de prazeres materiais, seguindo os passos de seu pai. Roteiro adaptado de original de Rogério Sganzerla. Os acontecimentos resgatam a memória deste gênero cinematográfico. Ney Matogrosso vive Jorge, o protagonista do filme referencial, interpretado por Paulo Villaça. Sganzerla tinha apenas 22 anos quando realizou o maior representante do cinema marginal, que abordava a vida de um assaltante de residências de São Paulo, apelidado pela imprensa de “Bandido da Luz Vermelha”, e desconcertava a polícia ao utilizar técnicas peculiares de ação.

Sempre auxiliado por uma lanterna vermelha, ele possuía as vítimas, com longos diálogos e protagonizava fugas ousadas para depois gastar o fruto do roubo de maneira extravagante. Na cidade de Santos se apaixona pela musa Janete Jane (vivida por Helena Ignez, que é a diretora do filme continuação e viúva de Rogério), conhece outros assaltantes, um político corrupto e acaba sendo traído. Perseguido e encurralado, encontra somente uma saída para sua carreira de crimes: o suicídio. Além de utilizar referências de trechos de filmes do diretor, há também a homenagem a um dos mestres deste gênero, Jean-Luc Godard, com seu “Acossado”. No principal papel feminino, “Luz nas Trevas – A Volta do Bandido da Luz Vermelha” conta com a participação filha da diretora com o cineasta, Djin Sganzerla, que no filme contracena com seu marido, que interpreta Tudo-ou-Nada. “O que se leva dessa vida, é a vida que se leva”, diz-se.

Há um extenso elenco, em um “projeto de família” (dito por Helena) que transpassa um roteiro inteligente, com uma infinidade de citações, que se o espectador piscar, perde o instante. A verborragia é o todo. O excesso conduz o caminho do filme. O bruto e o politicamente incorreto também. O produto final, “Luz nas Trevas – A Volta do Bandido da Luz Vermelha”, homenageia o diretor, principalmente quando coloca na parede um dos pôsteres de seus filmes “O signo do caos”. É uma experiência única que precisa ser revivida, com o retorno do bandido mais venerado, perpetuado na figura de seu filho. Há ainda um número musical com Ney. Excelente.

5 Nota do Crítico 5 1

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Pix Vertentes do Cinema

  • Bela resenha. Assisti na Mostra SP, no dia 30, e minha reação foi um mix de fascínio e surpresa. Não esperava um filme tão inventivo e bem acabado, e é importante que se lembre da ousadia e da coragem de sua realizadora e de todos os envolvidos no projeto, afinal, "reinventar" uma continuação do "Bandido", mesmo sendo um roteiro deixado por Sganzerla, seria mexer num vespeiro. Achei o elenco todo excelente, Ney fantástico e surreal na pele de Luz, um show à parte. Ótima fotografia, montagem e trilha sonora da maior competência.

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