Curta Paranagua 2024

Crítica: A Lição
Por Fabricio Duque

“A Lição”, segundo longa-metragem
da dupla búlgara Kristina Grozeva e Petar Valchanov (de “Avariyno katzane”),
busca a cumplicidade participativa do espectador, utilizando-se da naturalidade
narrativa de acompanhamento intimista da personagem diante das intempéries-limites
do caminho. Aqui, há referências às estruturas cinematográficas (da temática e
da técnica) de filmes como “Dogville”, de Lars Von Trier; “A Separação”, de Asghar
Farhadi; “Dois Dias, Uma Noite”, de Jean-Pierre Dardenne e Luc Dardenne; “Incêndios”,
de Denis Villeneuve; “Entre os Muros da Escola”, de Laurent Cantet; e “A
Pequena Cidade”, de Nuri Bilge Ceylan. Ambienta-se a fábula da ética versus a
da necessidade da sobrevivência, iniciado pelo politicamente correto
maniqueísta, porém seu desenvolvimento questiona até que ponto o próprio
sistema pode corromper a moralidade e suas virtudes. O confronto “possibilita”
o argumento “flexível” de “abrir mão” e de se “burlar” com “jeitinho” para que
uma resolução seja “positivamente” controlada. Assim, como toda parábola, a
mensagem funciona como um aviso, uma indicação de que a rigidez dogmática
“encontra” apenas provações e que a indulgência liberta a alma, nem que seja
pelo “pecado” cometido do oportunismo.  “A
Lição” representa o gênero de filmes de ator, neste caso, atriz. A personagem,
uma honesta professora (a atriz Margita Gosheva), precisa “lidar” com seu
próprio radicalismo, orgulho, resignação e “solidariedade” familiar de “achar”
que uma ação correta mudará um erro alheio, quando descobre que um de seus
alunos roubou uma pequena quantia em dinheiro, e paralelamente tem que tomar medidas
desesperadas para evitar a ruína financeira de sua família. Não é o certo que é
“ensinado” e sim seu inverso. Concluindo, no longa-metragem em questão, a máxima
popular de que “a necessidade faz o ladrão” é mais que pertinente a fim de
resumir e ilustrar a “má-fé” incutida já como natural do indivíduo social de uma
pequena cidade búlgara. “A Lição” busca a ingenuidade com o intuito de
simplificar um tema polêmico, só que “deixa solto”, caindo na própria armadilha
retrógada de um amadorismo teatralizado. Em hipótese alguma é ruim ou
incompetente, e sim comum, que se utiliza da usual banalidade para concluir o
objetivo da mensagem. Exibido no Festival de Rotterdam 2015.

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