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Crítica: In The Blood

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Da Dinamarca Para O Mundo, As Armadilhas de Despertencer

Por Francisco Carbone

Durante a Mostra de São Paulo 2016

Tem uns filmes que mais parecem experiências, e toda experiência é algo muito particular. Assim como a nossa visão para os filmes é igualmente única, intransferível e depende da vivência de cada um para se transformar e no que se transformar. Pegamos a vida de Simon, por exemplo. Ele tem 23 anos, cursa a faculdade de medicina na Dinamarca, divide um apartamento com três amigos de longa data e, apesar disso tudo, leva uma vida relativamente sem preocupações. E sem querer, preocupações ou compromissos. Assim segue Simon, meio que testemunhando os acontecimentos a sua volta. Simon só tem uma meta: a viagem pra Bolívia com o mais próximo dos amigos, o também residente Knud, em um misto de graduação da faculdade com aventura por terras inóspitas. Essa viagem move a vida de Simon, que não percebe que seu jeito descomprometido de viver começa a criar rachaduras na própria vida.

O diretor Rasmus Heisterberg (estreante em um longa-metragem, e roteirista de “O Amante da Rainha” e “Os Homens que Não Amavam as Mulheres”) parece ter plena consciência da sensibilidade que precisa demonstrar com tal história. Porque apesar de tudo, da juventude, do excesso de vida, da efervescência das festas, dos romances e do sexo, do início da vida adulta e do desprendimento que ainda podemos alcançar, tem um estudo de personagem sendo desenhado ali. E esse personagem está claramente perdido, sendo a gradativa interpretação de Kristoffer Bech um instrumento poderoso para nos ligarmos na proposta do longa. A princípio leve e descontraído, Simon primeiro se vê envolvido com uma jovem que conhece numa festa, e aos poucos vai deixando aflorar a melancolia inerente a geração Y, que na ânsia de ser livre, acabou se vendo só.

Repleto de humanidade e veracidade, é fácil se envolver com uma trama tão próxima de nós, tenha o leitor 20, 30 ou mesmo 40 anos, os tempos trouxeram um misto de felicidade de Facebook com tristeza disfarçada, com um molho de despertencimento. Heisterberg pega um mote atual e nos reflete muito do que vemos ao nosso lado, com um roteiro muito sensível e bem escrito e um elenco que provavelmente entende o universo de hoje e tá pronta a receita que transforma um filme aparentemente simples num mergulho reflexivo em nós mesmos.

3 Nota do Crítico 5 1

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