Ficha Técnica
Direção: Tate Taylor
Roteiro: Tate Taylor, baseado na obra de Kathryn Stockett
Elenco: Emma Stone, Bryce Dallas Howard, Mike Vogel, Allison Janney, Viola Davis, Ahna O’Reilly, Octavia Spencer, Jessica Chastain, Anna Camp, Eleanor Henry, Emma Henry, Chris Lowell
Fotografia: Stephen Goldblatt
Música: Thomas Newman
Produção: Michael Barnathan, Chris Columbus, Brunson Green
Distribuidora: Disney
Estúdio: 1492 Pictures; Imagenation Abu Dhabi FZ; Harbinger Pictures; DreamWorks SKG; Reliance Entertainment; Participant Media
Duração: 146 minutos
País: Estados Unidos
Ano: 2011
COTAÇÃO: MUITO BOM
A opinião
A principal função do cinema é a de contar histórias, baseando-se em experiências sociais, já que sem pessoas e suas vidas, não há arte cinematográfica. A base deve ser forte, interessante, surpreendente, coerente e fornecer uma direção. Daí, possibilidades são infinitas. Há câmeras, lentes, ângulos, narrativas, interpretações, estilos, técnicas, enfim, o céu é o limite, principalmente nos dias atuais, período em que as novidades tecnológicas tornam-se ultrapassadas um dia após serem descobertas. Mas não se pode embrulhar uma pedra com papel de ouro. A essência estará ali, sendo a definição do que se é e ou espera ser. O filme “Histórias Cruzadas” entende que é necessário fortalecer o estado bruto antes de fazê-lo diamante. O resultado final do longa-metragem, de duas horas e meia, emociona no tom certo, sem descambar ao clichê sensacionalista, tão típico neste gênero. E foi construído aos poucos com conhecimento, competência, humildade e coragem. Se analisarmos os elementos, poderemos observar que a maioria apresenta-se como novidade. O diretor Tate Taylor (ator de “Inverno da Alma”) realiza seu primeiro longa-metragem em gênero drama (o anterior foi a comédia “Pretty Ugly People”), também incorporando a função de roteirista. Ele adaptou o livro homônimo e estreante da escritora – e amiga – Kathryn Stockett. Os dois, brancos, estudaram juntos em Jackson, Mississipi, o principal cenário do movimento de segregação racial. Seu romance de estreia foi escrito como homenagem a Demetrie, a empregada negra que foi seu porto seguro em uma infância fraturada pelas separações e ausências dos pais. Stockett disse que o escreveu “para encontrar respostas às suas próprias perguntas, para acalmar sua mente sobre Demetrie”. Kathryn forneceu o direito à adaptação cinematográfica antes mesmo de escrever o livro. Então, a base estava criada. A próxima etapa foi sem dúvida a entrada da produção de Steven Spielberg, pela DreamWorks, inevitável não aludir sobre um dos seus filmes “A Cor Púrpura”, que trata de questões de discriminação racial. Mississipi, década de 1960.
Skeeter (Emma Stone, de “Zombieland”, “Amor a toda prova”, “Amizade Colorida”) acabou de terminar a faculdade e sonha em ser escritora. Ela põe a cidade de cabeça para baixo quando decide pesquisar e entrevistar mulheres negras que sempre cuidaram das “famílias do sul”. Apesar da confusão causada, Skeeter consegue o apoio de Aibileen (Viola Davis, de “Traffic”, “Solaris”, “Dúvida”, contracenando com Meryl Streep), governanta de um amigo, que conquista a confiança de outras mulheres, como de Minny Jackson (Octavia Spencer, que ganhou o Globo de Ouro e o Oscar 2012, como melhor atriz coadjuvante e já trabalhou em “Tempo de Matar”), que têm inúmeras histórias para contar. No entanto, relações são forjadas e irmandades surgem em meio à necessidade que muitos têm a dizer, antes da mudança dos tempos atingir a todos.O roteiro do filme em questão aqui não deseja documentar, revolucionariamente, o problema em si, mas retratar o cotidiano de empregadas domésticas (incluindo os efeitos nas suas famílias) e o sofrimento causado por brancos defensivos, inseguros, sem conhecimento, que acham que os negros passam doenças apenas pela cor da pele. Os “arianos” do filme não são racistas só com a pigmentação das pessoas, eles adicionam preconceitos contra obesos e contra os que não conseguem a adequação à “aristocracia” da elegância, da aparência e do julgamento alheio. E muitos possuem a maldade como estilo intrínseco de vida. Há um ditado popular que diz “Para conhecer realmente a pessoa, dê poder a ela”. As empregadas consideradas “livres”, ainda se encontram escravizadas, assim submetem-se à humilhação, ordens desumanas e à impossibilidade de não poderem usar o banheiro da “casa grande”, sendo destinado um cubículo sem o devido papel higiênico, para logo depois pegar no colo a filha de uma “dona”, tendo como outros exemplos, o transporte e o local de alimentação, sempre longe dos patrões. Os próprios senhorios dizem “Separados, mas iguais”. A narrativa segue a linha do filme “E o vento Levou…”.
É uma novela, como já disse, realista, dosando emoção na medida certa, sem apelar. “A coragem algumas vezes pula uma geração”, sentimento que estas domésticas precisam conviver para que possam sobreviver. Mas nada impede que pequenas vinganças pululem suas mentes. O pastor da igreja aconselha “Ame seus inimigos”, com isso elas descobrem na verdade, contando suas histórias, a liberdade pretendida, tentando salvar o mundo e às próprias da maldade e da hipocrisia reinante. Concluindo, um filme que merece ser visto por causa da excelência técnica e interpretativa, conduzindo o espectador a um universo lúdico, cotidiano, sonhador, que desmascara a sociedade aristocrática, e permite que os “desajustados” minoritários tenham voz, que sejam iguais e não separados. A música complementa retratando fielmente uma época. Aguarde os créditos e ouça Mary J. Blide. Recomendo. A Brent’s Pharmacy vista no filme foi recriada exatamente como era quando Tate Taylor e Kathryn Stockett eram crianças. O cinema que a personagem Skeeter observa logo no início do filme é o mesmo que Tate Taylor frequentava quando criança. Ele foi fechado nos anos 80 e reaberto pela equipe de produção. Tate Taylor tinha um calendário onde o ciclo menstrual de cada atriz estava marcado, de forma a saber quem estava sob efeito hormonal a cada dia das filmagens. As mães de Tate Taylor, Kathryn Stockett e Brunson Green fazem participações especiais no filme. Vários chefes de cozinha locais foram contratados para assegurar que os alimentos usados em cena seguissem o aspecto regional e também o período em que a história ocorre. Foi feito um esforço para que tudo tivesse a aparência de ter sido feito em casa, de forma a transmitir autenticidade ao espectador. Devido ao intenso calor do verão no Mississipi, a agenda de filmagens foi alterada de forma que cenas internas apenas fossem rodadas no meio do dia, enquanto que as externas eram gravadas pela manhã ou no final da tarde. Os cidadãos da verdadeira cidade de Jackson ajudaram as filmagens fornecendo adereços de época para o filme. Vários deles trabalharam como figurantes no filme. Vencedor do Globo de Ouro 2012 de Melhor Atriz Coadjuvante (Octavia Spencer e do Oscar 2012 na categoria Melhor Atriz Coadjuvante (Octavia Spencer).
Trailer
O Diretor
Tate Taylor (ator de “Inverno da Alma”, ”Sou Espião”, ”Planeta dos Macacos”, de Tim Burton, em 2001) realizou seu primeiro longa-metragem em gênero drama (o anterior foi a comédia “Pretty Ugly People”), também incorporando a função de roteirista. Ele adaptou o livro homônimo e estreante da escritora – e amiga – Kathryn Stockett. Os dois, brancos, estudaram juntos em Jackson, Mississipi, o principal cenário do movimento de segregação racial. Tate ainda reside no Mississippi, em Wyolah Plantation. Ele fez uma participação no episódio “I Will Survive”, da série de televisão “Queer as Folk”, em 2005. E também de “A Sete Palmos”
Bastidores
4
Nota do Crítico
5
1