Curta Paranagua 2024

Heróis

Preciosidades Nacionais

Por Chris Raphael

Durante a Mostra Cavídeo 21 Anos

Heróis

Nos ensina o dicionário que: herói é uma figura modelo, que reúne, em si, os atributos ou habilidades necessárias para superar desafios de maneira grandiosa e atleta é o profissional dos desportos e das atividades físicas e esta definição estendeu-se também aos praticantes de luta em jogos solenes. A partir destas definições, podemos inferir que atletas são considerados heróis, por superações de inúmeras dificuldades pessoais e suas realizações incríveis.

“Heróis” é um documentário segmentado que conta a trajetória de atletas olímpicos do judô brasileiro e suas estórias de vida e superação. Está dividido em três momentos, contextualizados pelas experiências dos atletas Rafaela Silva, Popole Misenga e Rogerio Sampaio. A direção geral é de Cavi Borges e auxiliado pela co-direção de Leonardo Mataruna. O roteiro é assinado por Cavi Borges, Gabriel Duran e Pedro Rossi. O filme é uma produção da Cavideo de 2017.

“Heróis” acontece em narrativa direta que coloca o espectador em contato visual com treinamentos, cotidianos e práticas pessoais dos atletas e apoio visual de acervo de fotos imagens antigas e vídeos, nos aproximamos um pouco mais dos momentos de gloria ou fracassos vivenciados ao longo do tempo.

A película trava um diálogo sobre vida, crescimento e superação em todos os sentidos. Através de suas batalhas internas, cada atleta vai discorrendo sobre seu sofrimento e aprendizado. É uma abordagem direta que faz eco dentro de cada cidadão, nesta luta diária por igualdade, dignidade e um “lugar ao sol”, Há quem não canse do esforço cotidiano para ultrapassar limites e provar, para si e para os outros, que existem possibilidades reais de reconhecimento. E juntos buscam solidificar mais ainda a representatividade do esporte judô no âmbito mundial.

Com Rafaela Silva, compartilhando sequências de entrevistas, depoimentos e imagens de arquivo, o filme nos conduz pela dura realidade de uma moradora de comunidade da Zona Oeste, que uma durante infância difícil e um tanto agressiva acabou conduzida ao judô, onde encontrou apoio e amizade. Sua trajetória crescente de vitórias no esporte a levou a consagração quando obteve a medalha de ouro nas Olimpíadas, em 2016.

Popole MIsanga, nascido no Congo (continente Africano) e refugiado no Brasil, é morador de Brás de Pina (subúrbio carioca). Com sua fala mansa e seu sotaque ainda presente, nos conta que por meio do judô, conseguiu superar a tristeza de uma vida de guerra que o fez abandonar os eu país de origem. Das necessidades vitais para sobrevivência e da tristeza por crescer sem família, ocupou o judô o espaço vazio em sua vida e o preencheu com um propósito. Representou o Brasil na olimpíada de 2016 e mesmo não sendo agraciado com nenhuma medalha, deixou uma forte expectativa para a olimpíada de 2020.

Rogerio Sampaio, classe média da cidade de Santos, foi levado ao judô com pouco mais de 4 anos e para ele, tratava-se de uma brincadeira divertida, que executava junto com o irmão mais velho. Conviveu com outros atletas de destaque como Aurélio Miguel (campeão olímpico nos em Seul 1988 e medalha de bronze em Atlanta 1996). Dedicação e apoio familiar são as palavras de ordem, Teve que superar a instabilidade no esporte em momentos de desacordo perante a Confederação Brasileira de Judô e falta de recursos para treinamento e viagens, mas seu desafio maior foi seguir lutando após o falecimento de seu irmão. Pela sua dedicação, a recompensa foi o ouro olímpico em Barcelona, no ano de 1992.

Ao conceber um olhar separado para cada um destes atletas, de maneira a conhecer suas rotinas e seus anseios, “Heróis” faz despertar no público um sentimento pleno de orgulho nacional, principalmente em um momento tão crítico, no qual o nosso país não nos deixa muitas opções para tanto. Estamos mesmo precisando de ídolos que fortaleçam nosso amor pela pátria amada. Mesmo quem não é aficcionado por judô ou por esportes como um todo, acaba associando-se ao núcleo afetivo conclamado pelos fãs do esporte e do judô. O esporte é sim, uma grande e generosa forma de inclusão.

3 Nota do Crítico 5 1

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