Más Notícias Para o Sr. Mars
Por Fabricio Duque
Direto do Festival de Berlim
14 de Fevereiro de 2016

“Des Nouvelles de la Planète Mars”, do diretor alemão Dominik Moll (de “Intimidade”, “Lemmings”, “Harry”, “Le Moine – The Monk”), que integra a mostra fora de competição do Festival de Berlim 2016, apresenta-se como uma fábula-surreal-realista de antropologia-radiografia comportamental dos indivíduos sociais franceses. É a metáfora da era contemporânea, que transforma “sonhadores” resignados em (“perdedor – contrário de vencedor”). O preâmbulo, de arquivo histórico-televisivo sobre o lançamento de foguetes ao espaço, e de referência espirituosa a “Gravidade” e ou “Homens, Mulheres e Filhos”, já conduz pela atmosfera-epifania irreal, estranha e “bizarra” (quase em efeito psicotrópico) é traduzida por seus tipos, personagens que exacerbam a própria individualidade, em uma narrativa-verborragia de um universo próprio, de cotidiano constrangedor e de excêntrica ingenuidade. Os “envolvidos-exilados” (em um completo e surtado caos de um defensivo e solitário “autismo” como “escolha” de futuro) imergem o desconforto-disfuncional de se viver com outros (“elevando” a voz e só aceitando o que acreditam – qualquer diferença, por menor que seja, reverbera a grosseria). Eles não ligam para o outro, não gostam de falar com outro, de ouvir o outro, tampouco estar em público. O outro não existe. É descartável. Só buscar o “platonismo” social nas imagens da televisão, no computador, nos livros e nas mensagens pornográficas do celular (entre crianças “adultas”). O longa-metragem praticamente é uma versão francesa da união de Wes Anderson e dos Irmãos Coen. Cada um “exibe”, perdido, suas particularidades, falta de limites, de regras e de respeitos, gostos bipolar, indulgências, idiossincrasias, argumentos radicais, manias, toques, fobias, ideias, ideais, comodismo, dramas, egocentrismo, submissão, timidez, medos, anseios, liberdades, opiniões pela sociopatia (do antagonista – o ator Vicent Macaigne), pela apatia, por uma verdadeira perspicácia tão irônica-negra que o torna politicamente incorreto. “Que planeta você vive?”, pergunta-se. Há um ditado popular, que cada vez ecoa raramente, que diz que “Seu direito começo quando começo o do outro”. Não. Não há mais direitos. “Des Nouvelles de la Planète Mars” é sinestésico. O espectador “sofre” a pressão imobilizada “prisional” do protagonista (o excelente e irretocável ator François Damiens), que convive com hiper-ativos, “animais” de uma selva, loucos e afins, e quando “acorda”, se rebela e se revolta à moda “Dogville”, de Lars von Trier, a plateia da sessão de cinema aplaude de forma catártica. Concluindo, um filme que “disseca” este mundo incompreensível que vivemos, por meio de uma experiência libertadora, necessária e definidora. Uma obra-prima. Recomendadíssimo.
5 Nota do Crítico 5 1

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