Curta Paranagua 2024

Crítica Curta: Só Por Hoje

Simplicidade que conquista

Por Filippo Pitanga

Durante o Cine Ceará 2018


“Só Por Hoje” de Sabrina Garcia é o típico filme cujo carisma podem suplantar a simplicidade de produção ou o acúmulo de outras questões menores, especialmente se dependendo do público que recepcionar a obra. Com uma proposta aparentemente unidimensional, a atriz experiente Regina Gutman começa segurando a curiosidade do espectador bem o suficiente para que se siga até o desdobramento de maior interesse, mesmo que a condução tenha sido tão naturalista quanto descomplicada até então.

A história segue uma senhora solitária de rotina repetitiva em sua casa com a TV e com raras visitas periódicas da filha, o que jamais lhe preenche a alma como gostaria. Até que recebe uma carta endereçada para outro destino que não a sua casa e vai até o logradouro correto para entregar a correspondência que lhe foi entregue equivocadamente. É a partir daí que irá descobrir um novo mundo através do AAA (Alcóolicos Anônimos). Encantada com a companhia de pessoais realmente interessadas e preocupadas uns com os outros, devido ao sistema de apadrinhamento em impedir recaídas, ela começa a disfarçar uma conduta que se encaixe entre eles para continuar recebendo atenção e cuidados, mesmo que comece a se digladiar a partir do momento em que será desafiada pela própria ética de se infiltrar num lugar onde não pertence…na teoria.

O problema é que o desenvolvimento narrativo vai avançando de maneira calcada em esquetes que, a despeito da graça agridoce que podem provocar, não substituem a falta de estofo do gosto amargo do assunto sério que fica como se fosse de pano de fundo. Até porque a atuação de Gutman que é extremamente mais ampla do que as linhas destinadas à sua personagem em diálogos ou roteiro descritivo, acabam dando possibilidades de desfecho que não serão aproveitadas, decepcionando em relação ao que poderia ter sido ou mesmo aos elementos de ligação desperdiçados. Fica a química extrema de Gutman com a tela e que pode ou não convencer a plateia dependendo do tipo de público e do humor que consiga lidar melhor com o politicamente incorreto em se aproveitar desta situação complicada.

2 Nota do Crítico 5 1

Pix Vertentes do Cinema

  • Achei perfeito!
    Mostrou que um programa como o de AA não é só para o adicto em álcool, é um programa para a alma doente.
    O fato dela beber no final, foi simplesmente pra se sentir pertencendo e saber o que sente o alcoólico e recuperação.
    Lindo!

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