Investigação sobre um jovem cidadão amoroso e amado
Por Francisco carbone
Até os três anos de idade, eu não podia falar. Tinha a língua presa. Depois que ela se soltou, algumas palavras continuaram retidas na garganta. O diretor Caio Casagrande entrega material brevíssimo (apenas 7 minutos), mas que bebe numa fonte de investigação pessoal e pesquisa familiar que muito me tocou, apesar de a rigor nada ter sido feito de novo. Caio está disposto a compreender fatos que provavelmente o definiram como o ser humano de 22 anos que é hoje. A primeira grande constatação seria de que o envolvimento da plateia só seria possível mediante um encontro com Caio a princípio, para que seu olhar e sua voz respondessem sobre sua busca; estando num lugar de privilégio de quem ouviu Caio falar me colocaria num patamar que nem todos terão? Só que observar a relação do bebê Caio com seus pais e com o que a vida reserva a eles através de filmagens familiares e da montagem que encadeie eventos com interligação é nunca menos que fascinante e, por tão fulgaz, talvez ainda mais surpreendente e pesaroso. O jovem cineasta Caio deixa no ar tanto pessoalmente quanto em seu filme o resultado dessa busca, mas fica o legado de amor entre pai e filho singelo como um beijo paterno. Integra a sessão Curtas da vigésima edição da Mostra de Cinema de Tiradentes 2017.