O Mais Barulhento Silêncio

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Notícias de uma guerra onde só elas são feridas

Por Francisco Carbone

Conhecer a jovem cineasta Marccela Moreno, doce e delicada, não faz jus ao vulcão que ela guarda dentro de si. Ainda que sua lava seja a mais carinhosa possível, o curta de Marccela tem sim a intenção de queimar e provocar marcas, marcas essas que o próprio material demonstra já ter acontecido tantas vezes em seus pungentes e dilacerantes relatos. Cercada de sua equipe essencialmente feminina, Marccela relata as notícias que estampam jornais, blogues, coletivos, fanpages e murais de rede social com quatro histórias onde o cerne da questão é a violência e o desrespeito contra a mulher, que desemboca no estupro e no alijamento sistemático de um gênero que não é só violado como desrespeitado e negligenciado dia a dia. Quatro atrizes sensíveis se colocam no jogo de cena de Marccela, que as veste, despe, e convida a relatar esses quatro exemplos de covardia. Com sensibilidade e muita propriedade, Marccela promove um grito de alerta e uma flecha na direção da opressão, que esperamos atingir a todos pelo fim da violência. E que Marccela dê continuidade a sua voz e ao seu talento tão refrescante. Uma em 4 mulheres será estuprada até o fim da vida. A maioria por um homem próximo. Apesar de muito comuns, essas histórias são secretas e silenciadas. O Mais Barulhento Silêncio é um filme-ensaio composto por quatro relatos de mulheres que foram estupradas por seus parceiros íntimos, homens que elas conheciam. Em um cenário alegórico, elas compartilham suas memórias mais íntimas e dolorosas e refletem sobre o que é ser mulher neste mundo. Este mundo é feito para nós? Integra a sessão Curtas da vigésima edição da Mostra de Cinema de Tiradentes 2017.

4 Nota do Crítico 5 1

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