Curta Paranagua 2024

Crítica Curta-Metragem: Eclipse Solar

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Todos os cinemas que caibam num pequeno grande filme

Por Francisco Carbone

O cineasta Rodrigo de Oliveira fez o caminho inverso. Egresso de dois longas metragens (‘As Horas Vulgares’ e ‘Teobaldo Morto, Romeu Exilado’), só agora mostra as caras num curta, ou quase média. Exibe na nova função vitalidade e força narrativa que claramente cabiam num longa, mas quis ele ser um curta… ou como curta o filme se impôs. Dotado de poderosos 28 minutos, o filme de Oliveira se dá ao luxo de ser sedutor e te ganhar aos poucos, uma dádiva da qual poucos curta metragens podem se gabar; se você seduzir gradualmente num curta metragem, quanto tempo terá para compor seu arsenal propriamente dito?

Pois Rodrigo parece temer pouco de fato. Acompanhamos um jovem bonito que parece seduzir uma mulher mais velha, lentamente. Parecendo se entregar a um universo ultra realista, Rodrigo dá passos curtos na direção da verdade dos fatos e durante o diálogo de encontro entre o jovem e a mulher mais velha, vemos a narrativa dar pelo menos três cambalhotas de rumo. Num processo de frescor ímpar, Rodrigo parece espelhar grandes longas franceses dos anos 60/70, como ‘Minha Noite com Ela’ e ‘A Mãe e a Puta’, cujo realismo vai se desenhando e descortinando paulatinamente a nossa frente, uma realidade que se ressignifica a cada nova troca de diálogos.

Mas Rodrigo não está afim de entregar ‘mais um excelente curta’, mas sim uma grande obra cinematográfica. A mágica é feita quando do realismo extremo o filme salta para uma alegoria do qual a única coisa que podemos entregar é que o pulo é nunca menos que magistral, e que Rômulo Braga aparece em composição e interpretação nunca menos que excepcional.

Num universo onde poucos longas conseguem subverter ordens e normas vigentes, o filme de Rodrigo de Oliveira vem não apenas colocar seu nome definitivamente no mapa cinematográfico brasileiro como também provar que poesia, neorrealismo, academicismo, religião, conflitos de geração, familiares e tantas técnicas da sétima arte quanto você imaginar podem sim caber em 28 minutos. Um dos maiores e melhores filmes nacionais da Semana dos Realizadores, vejam só!

5 Nota do Crítico 5 1

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