Imaginário

A escolha do ver e do ouvir

Por Fabricio Duque

Durante o Festival de Brasília de Cinema Brasileiro


Exibido na cerimônia de abertura do 51o. Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, o novo filme, o curta-metragem “Imaginário”, de Cristiano Burlan (um diretor produtivo – precisando apenas de uma ideia e uma câmera), é sobre o imaginar. Sobre uma projeção comparativa de épocas. Um presente e um passado, que se interpelam por imagens e sons.

É uma “edição de discursos”, que busca provocar uma confusão, complicar limites, distâncias e sensações ao estreitar o discurso brasileiro de Rubens Paiva com cenas de material de arquivo que se passam fora do Brasil. É um diálogo com os dias de hoje. De um país que repete atos políticos. “É um filme de terror”, diz o diretor antes da exibição.

“Imaginário” é também sobre a liberdade do opinar, de escolher entre o ver e o ouvir. Sobre “acefalias que configuram necessidades de poder”. Sobre autoridades, sobre existências, sobre abandonos na arte da política, que representa uma História. É uma crítica social aos golpes. De antes e do agora. Em fragmentos descontínuos e desencaixados. Como se fosse uma transgressão do próprio olhar e do próprio ouvir, bem à moda do primeiro cinema e das novas experiências de Jean-Luc Godard. “O objetivo era complicar mesmo”, diz Burlan,

Entre utopias, discursos clichês, melodia nostálgica, “divisão da riqueza”, “incompatibilidade com a opinião pública”, ruídos e sons rufados, nós percebemos que o Brasil foi e ainda é um país de golpes. De jogadas políticas que deixam o seriado “House of Cards” no chinelo. É uma “reforma da sociedade brasileira” por contemplação dos “patrícios”. Com seus “fascistas, golpistas” de ontem e do real momento vivido. O discurso não muda. Nada mudou. Era, um querer, naquela época, de “acabar com os fascistas”. Um “momento de libertação”.

Mas imaginar “Imaginário” nos dias de hoje soa ingênuo. Uma reiteração em loop. Persistir em um discurso anacrônico e analógico. Sim, tudo mudou. Menos a naif passionalidade de acreditar que a esperança salvará novos “golpes”. É um filme que mastiga o assistir do espectador pela verborragia discursada, o fazendo escolher e buscar digressões de pertencimento físico ao próprio filme passado no presente. No agora do momento. É uma experiência sensorial. De se perder nos tempos. Qual o exato? Isso cada um descobrirá pelas próprias pernas e pelos próprios olhos.

3 Nota do Crítico 5 1

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