Chico – Artista Brasileiro
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Um Chico Para Ser Degustado

Por Fabricio Duque
Durante o Festival do Rio 2015
O documentário “Chico – Artista Brasileiro”, de Miguel Farias Jr. (de “Vinicius de Moraes”), aborda a existência profissional e alguns detalhes pessoais do musico-escritor Chico Buarque de Hollanda, por uma narrativa tradicional de gênero (intercalando depoimentos, imagens de arquivos, um show arquitetado – com estrutura de um ensaio final – com outros artistas interpretando suas obras e trechos de seu mais recente livro “O Irmão Alemão”, um “presente próximo”, narrado por Marília Pera) sem experimentações e inovações, preterindo assim o conteúdo à forma. Aqui, o contexto busca a essência do mito, quando entrevista de forma “auto-biográfica” o “sabe tudo” do universo da música, permitindo lembranças (principalmente as “falsas”) sejam contadas pelo próprio, que diz que “tudo é memória”, “lidando muito com a imaginação” do que escreve, como em seus romances que se utilizam de trechos realistas para criar a ficção. Aqui, o espectador pode conferir, de “truque” encenado, seu universo de criação, seu começo aos vinte e dois anos com o fenômeno “A Banda” nos festivais de musicas (“um moleque que não sabia lidar com o sucesso”) “Chico – Artista Brasileiro” foca o Chico profissional (“um grande harmonizador”, “um sabe-tudo”, que “tem um irmão alemão” e que “precisa da solidão para fazer seu trabalho”), entre um ou outro elemento pessoal (como conhecermos seu magnífico apartamento carioca, curiosidades e momentos engraçados – e com redenções, quando diz “que com raiva, você não cria nada bem”, sobre “vinganças musicais” à ditadura), mas sem “entrar” no campo da fofoca e da polêmica. Por exemplo, conta-se sobre o amor à primeira vista por Marieta Severo, e não suas razões do termino do relacionamento, mitigando também as influências político-atuais (apenas com um “o Brasil melhorou sim”). Não se pode negar sua figura icônica, tanto que na própria cabine de imprensa, aplausos “invadiam” o próprio filme, em quase uma experiência “quadri-dimensional”. As obras do “showboy” poetizam o cotidiano, o adjetivando e o definindo por palavras com afiada precisão. “Quanto mais eu sei, mais difícil fica fazer o ofício”, analisa sua “fortuna crítica” de ser “mais escritor que músico”, que vivencia um humor de “dentro para fora”, gargalhando-se antes mesmo de finalizar os “causos”. O documentário de Miguel atende plenamente o que um documentário deve ser: informar o novo, corroborar o que já se sabe, explicar dúvidas, divertir, emocionar e equilibrar linearmente o contexto da existência do homenageado. “Chico – Artista Brasileiro” é um filme, de abertura do Festival do Rio 2015, para “ler”, “ouvir” e “degustar” Chico Buarque, um ser que deixa as mulheres em “polvorosa”, sobre um personagem fundamental da cultura brasileira nos últimos 50 anos, autor, dramaturgo e compositor de uma extraordinária coleção de canções que habitam o imaginário coletivo do país, Chico Buarque dialoga com a própria memória. “É um artista revisitando a sua própria história do ponto de vista da maturidade”, finaliza o diretor. Recomendado.
4 Nota do Crítico 5 1

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