Por Marise Carpenter
A banda prometida é um documentário da diretora norte-americana Jen Heck que resolveu realizá-lo por razões pessoais, pois ela sempre atravessava a fronteira entre Israel e a Cisjordânia e seus amigos israelenses pediam para ir com ela nessas viagens, mas acabavam cancelando no último minuto. Então ela começou a perceber que havia essa curiosidade e essa intenção mas que, em seguida, ela era totalmente abandonada por causa de um intenso medo que as pessoas tem de aproximar israelenses e palestinos a fim de se conhecerem e interagirem. Ela passou alguns meses em Israel e Palestina verificando se essas pessoas poderiam se encontrar e, literalmente, olho-no-olho, passarem um tempo juntas, sem arame farpado entre elas. O que seria necessário para poderem transpor fronteiras sem correrem risco de serem presas? A resposta foi: formar uma banda. Uma banda seria uma espécie de mecanismo para elas terem motivo para falar o que estavam fazendo ali caso fossem paradas na fronteira e, também, para não se sentirem tão ameaçadoras para as pessoas. E, assim, uma banda foi formada por mulheres sem talento, com exceção de Lina, a cantora palestina. Jen encontrou, em seguida, duas mulheres israelenses que corajosamente aceitaram fazer parte da banda e viajarem clandestinamente para a cidade de Nablus, na Palestina, para encontrarem Lina. Mais outra mulher aceitou a ideia, dessa vez uma israelita, mas que morava na Palestina quando da separação com a construção do muro. O primeiro encontro dessas mulheres foi na casa de Lina ao som de um estranhamento. Aos poucos foram se afinando, tomando uma intimidade através das palavras, dos palavrões, até evoluírem para uma amizade que abriu espaço para diálogos mais íntimos sobre suas diferenças raciais. Atravessaram fronteiras repetidas vezes de forma ilegal, foram paradas, interrogadas, correram riscos, fizeram contatos com outras pessoas, contatos fracassados, tentaram ensaiar e não conseguiram, tentaram compor pelo menos uma música e não conseguiram, mas a principal fronteira elas conseguiram atravessar: a fronteira do olhar. Juntas elas perceberam o quanto não tem nada a temer umas das outras e como através da amizade barreiras podem ser derrubadas.