Por Fabricio Duque
“Amor Por Direito”, é muito mais que um filme gay lésbico. Bem mais. É sobre a luta contra o preconceito e o machismo dos anos que antecederam a aceitação “popular” do casamento e ou união civil-estável do mesmo sexo; e a favor da igualdade e do direito da escolha de quem se deseja amar, independente da identidade-opção sexual. O filme “conversa” com quatro outros longas-metragens desta temática da liberdade de se existir, livre e plenamente, sem mentiras e sem máscaras da opção sexual perante os outros próximos integrantes de uma comunidade condado de New Jersey. Os filmes são: “O Segredo de Brokeback Moutain” (explicitamente inferido), de Ang Lee; e os que lembram sutilmente uma temática e uma atmosfera narrativa (sem manipulações musicais e ou gatilhos comuns) pelas dificuldades que os protagonistas precisaram passar a fim de garantir seus direitos sociais de cidadão, ser humano e “eleitor-votante”: “Filadélfia”, de Jonathan Demme; “Clube de Compras Dallas”, de Jean-Marc Vallée e “Meu Nome é Jacque”, de Angela Zoé. Aqui se substitui o tema da Aids destes três por um câncer terminal. O longa-metragem, dirigido pelo americano Peter Sollett (de “Nick & Norah – Uma Noite de Amor e Música”, é seco, cru e espontâneo, reverberando uma monstruosa e natural química entre as personagens principais, Julianne Moore (de “Mapas Para As Estrelas”, “Para Sempre Alice”, “Minhas Mães e Meu Pai”) e Ellen Page (de “Menina Má.com”, “Juno”), a grande maestria do filme. É claro que há inúmeras suavizações para que a trama (baseada, ou melhor, inspirada em uma história real) tivesse leveza e sutilezas de aprofundamento, usando o artifício da elipse temporal. A sinopse nos conta que a policial Laurel Hester (Julianne Moore) e a mecânica Stacie Andree (Ellen Page) – tradução mitigada de caricaturas – conhecem-se e engrenam um relacionamento sério. Mas quando o câncer atinge Laurel, fazendo com que ela não esteja mais no “controle”, a relação delas é posta à prova. Como sinal de amor, traça uma batalha (sendo obrigado a expor sua vida privada, vencer seus medos e seus limites auto-preconceituosos) para que sua parceira receba os benefícios (direito legal – criticando a corrupção oportunista de seus políticos que “têm o poder) da pensão da polícia após a sua morte, só que as autoridades se recusam a reconhecer a relação homo-afetiva. Como foi dito, é um filme que busca humanizar um tema difícil pela dosagem cirúrgica de não se envolver demais, apenas de registrar quase em ficção documental uma história que mudou a mentalidade da sociedade americana. Concluindo, “Amor Por Direito” é pululado de méritos, camadas epidérmicas, por um roteiro que sabe exatamente como mesclar emoção, sobriedade e cinema, mesmo com o circo midiático do núcleo cômico do Steve Carrel sendo Steve Carrel. Recomendado.
4
Nota do Crítico
5
1