A opinião
O filme tem uma narrativa de dentro para fora. O tempo é determinado pelo sentimento interno do personagem principal. São círculos dentro de círculos, procurando o perfeito. “Você faz círculos perfeitos, mas sempre perde”, o pai diz ao filho. É um filme obscuro, com uma fotografia granulada com pouca luz, que embaça a decepção. Os detalhes comportam-se como personagens conduzindo a história. Há um sofrimento latente e presente. Guilherme, o principal, é depressivo, carente, solitário e dependente. Possui a infantilidade de um novato no mundo do amor. Ele está descobrindo tudo e todos. Experimentando e tentando ser algo. Ninguém da família dele vê pudor em nada, então ele também não. O vazio corrompe a sua alma. Então ele busca nos relacionamentos da própria vida a salvação. O amor incestuoso acontece. E o pudor aparece. Nem todos são perfeitos, nem todos aguentam-se. “Mesmo quando morremos, queremos ir confortavéis”, diz-se. A trama é lenta demais, deixa um distanciamento prejudicado. Cansa a longa duração do filme. Poderia ter sido enxugado em ações repetitivas.
Ficha Técnica
Direção: Marco Martins
Roteiro: Marco Martins, Gonçalo M. Tavares
Elenco: Rafael Morais, Joana de Verona, Daniel Duval
Fotografia: Carlos Lopes
Montagem: João Braz, Richard Marizy
Música: Bernardo Sassetti
País: Portugal
Ano: 2009
A Sinopse
Guilherme, rapaz tímido e frágil, tem o dom de desenhar círculos perfeitos. Ele vive em uma velha mansão de Lisboa com a mãe, a avó e sua bela irmã gêmea, Sofia. Os dois irmãos cresceram muito próximos e descobriram juntos a sexualidade. Guilherme terminou por se apaixonar pela irmã, mas é obrigado a aceitar calado seus namoros com outros rapazes. Mas ao se ver incapaz de lidar com a não-correspondência de seu amor, decide então se refugiar na casa do pai, um escritor à parte do mundo. Lá, no entanto, sente-se cada vez mais isolado.
O Diretor
Nasceu em 1972, em Portugal. Formou-se na Escola Superior de Teatro e Cinema em 1994. Estagiou na área de produção com realizadores como Wim Wenders e Manoel de Oliveira. Foi durante dois anos assistente de direção de João Canijo. Entre 1994 e 1998, dirigiu três premiados curtas-metragens. Em 2005, dirigiu seu primeiro longa, Alice, ganhador do Prêmio Regards Jeunes no Festival de Cannes. Este é seu segundo longa-metragem.