Direção: Steve Antin
Roteiro: Steve Antin, Dominic Deacon, Susannah Grant, Keith Merryman
Elenco: Cher, Christina Aguilera, Kristen Bell, Stanley Tucci, Cam Gigandet, Peter Gallagher, Stephen Lee
Fotografia: Bojan Bazelli, Tim Metherall
Música: Christophe Beck
Direção de arte: Chris Cornwell
Figurino: Michael Kaplan
Edição: Virginia Katz
Produção: Donald De Line, Anna Young
Distribuidora: Sony Pictures
Duração: 119 minutos
País: Estados Unidos
Ano: 2010
COTAÇÃO: REGULAR
Assim como o gênero faroeste, vira e mexe, há um musical rondando o circuito cinematográfico. O tema escolhido da vez foi o Burlesco. Refere-se a um tipo de apresentação teatral que consiste em uma sátira (que muitas vezes implica uma apresentação de striptease). Representação de caráter exagerado, parodiando temas dramáticos com alto teor farsesco, esta forma cômica trata de personagens extravagantes e bufonas. Autores que discorrem sobre o grotesco, citam o burlesco como variante ligada a encenação. Partindo do conhecimento prévio do tema, podemos analisar “Burlesque”, o musical com Cher e Christina Aguilera (que também participa como produtora executiva musical). Logo no inicio percebe-se o tratamento estético e plástico, complementado pela fotografia iluminada e “querendo” ser nostálgica e atemporal. Acrescente os números musicais. Christina solta a voz para embasar o resumo do que aconteceu antes até o foco principal: a chegada em outra cidade para tentar a vida. Antes que o leitor pare de ler esta opinião e ache que o blog está mudando de foco, corro para enaltecer um ponto que pode salva-lo do fracasso mor. A cumplicidade entre a personagem da Cher e Stanley Tucci é incrível. Um misto de naturalidade, galhardia, sentimento, entendimento, graça, picardia e perspicácia. Mas entendo que é pouco para sustentar um filme tão grande e com tantos elementos.
Os números de canto e dança são o que devem ser: grandiosos. Mas de novo não prendem a atenção do espectador. Com um roteiro bobo, clichê, óbvio e perdido, já que mostra relacionamentos amorosos dignos da idade infanto juvenil. As reviravoltas acontecem de forma rápida. As resoluções também. Em certo momento, uma ou outra solta a voz, reiterando a marcação de território, como a música da Cher que diz que “Eu vou voltar”. O longa funciona para que as duas possam retornar ao cenário musical. Se bem me lembro, Britney Spears já fez um. Mariah Carey também. Pois é, estava na hora das duas desejarem o fatia do mercado. O contexto não é bom, salva por tiradas esporádicas, mas o cansaço é recorrente. E a atenção pretendida, ausente. O longa possui edição ágil, pretende o alternativo e o independente, abusando de reflexos, sombras e luzes interativas. É direto e fácil, agradando ao público menos exigente. Há tango com rock, homens que usam delineador, Madonna e dublagens dos números (que deveriam ser reais). É sexy, sensual, mas comportado. Não há seios a mostra, por exemplo.
Alguns números prendem. A característica é o estimulo por fantasias provocantes, como a de enfermeira. Ali (Christina Aguilera) é uma garota que sai de uma cidade do interior em busca da fama em Hollywood. Quando chega, Ali começa a trabalhar em uma boate, comandada por Tess (Cher), ex-dançarina de cabaré, que ajudará a menina a tornar seu sonho em realidade. “O seu sonho está me matando”, diz-se. Concluindo, na acepção otimista, os diálogos entre a Cher e Stanley e alguns números musicais salvam o filme, podendo ser uma das razões para assisti-lo. Porém o contexto não agrada. É ingênuo (negativamente), raso, superficial, beirando a infantilidade. Em um tema como esse, faltou-lhe sujeira, nudez, sacanagem (desculpem-me os puritanos de plantão). É limpo demais, afetado demais, encenado demais. Alguns consideram o VERTENTES otimista demais. Portanto, como disse há elementos satisfatórios. Não recomendo. Primeiro filme de Steve Antin como diretor, que já trabalhou em produções como ator. Globo de Ouro de Melhor Canção Original (You Haven’t Seen The Last Of Me) e indicado nas categorias de Melhor Filme – Comédia ou Musical e Canção Original (Bound to You).
Howard Steven “Steve” Antin, nascido em 19 de abril de 1958, em Queens, Nova Iorque. Ele é lembrado por Troy, o bad-guy atleta em “Os Goonies” de Steven Spielberg. Também foi um dos estupradores do filme “Acusados”, com Jodie Foster. Assumidamente gay, já foi o namorado de David Geffen, fez participações em vários filmes temáticos. Participou também como dublê. O seu primeiro longa é o filme em questão “Burlesque”.
1 Comentário para "Burlesque"
"…faltou-lhe sujeira, nudez, sacanagem (desculpem-me os puritanos de plantão). É limpo demais, afetado demais, encenado demais". Concordo plenamente. Um filme com um nome desse não pode, de jeito nenhum, ser infanto-juvenil. Estava esperando "Dirrty", mas tive que me contentar com "Beautiful". X-tina, minha querida, você me decepcionou!