Balanço Geral e Vencedores do Cine PE 2023
Cine PE retorna com força em sua 27ª edição trazendo filmes engajados, autorais e de apelo popular
Por Clarissa Kuschnir
Como diz o velho ditado popular, depois da tempestade vem a bonança. E assim foi a 27ª edição do Cine PE que voltou com força, depois de dois anos pandêmicos e mais um com o “novo quase normal”. A sensação tanto quanto de espectadora quanto de jornalista foi de renovação, de um dos mais importantes festivais do Brasil. Entre os dias 04 e 09 de setembro, a capital pernambucana respirou cinema, no majestoso Teatro do Parque (um teatro mais do que centenário, inaugurado em 1915) e rodeado de jardins, em meio ao centro da cidade. E esse ano, a programação noturna foi toda lá (com lotação nas sessões), com exceção de uma mostra paralela, que ocorreu no cinema do Porto Digital.
Com seis longas na Mostra Competitiva, o festival abriu a primeira noite com o longa convidado fora da competição “Ainda Somos os Mesmos”, do veterano cineasta gaúcho Paulo Nascimento. Protagonizado por Edson Celulari, o longa narra a passagem do jovem Gabriel preso no Chile, durante a ditadura militar de Pinochet. O longa é uma ficção, mas foi inspirado na história do advogado e ex-guerrilheiro João Carlos Bona Garcia (que infelizmente foi umas das vítimas do Covid, em 2021) que ficou preso na embaixada do Chile. Edson Celulari faz o pai do protagonista.
“Eu quero agradecer muito ao festival. É a primeira vez que venho ao Cine PE para fazer a primeira apresentação do filme. Por mais que façamos filmes, sempre tem um recomeço. E essa história tem um significado muito importante e emocionalmente para mim, e para todos nós aqui. Esse filme tem uma missão de trazer esses relatos do Bona para nós. A missão é falar principalmente para outras gerações o que é viver fora de uma democracia, o que é viver com medo de um dia para noite do que vai acontecer, de uma palavra mal interpretada e de uma denúncia anônima. Isso tudo estamos dando graças a Deus que podemos falar sobre isso aqui. Mas temos que manter isso vivo, para que o “Ainda Somos os Mesmos” nos mostrem que não temos que passar por coisas que as pessoas lá atrás passaram e por muito pouco, nós estaríamos passando de novo”, disse Edson Celulari a plateia, sobre o filme de abertura.
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Em seguida na mesma noite foi aberta a mostra competitiva de longas com o documentário “Frevo Michiles”, de Helder Lopes. A obra pernambucana apresenta a trajetória de um dos mais importantes compositores de frevo Jota Michiles. Aos 80 anos de idade, Michiles é o protagonista desse espontâneo longa que mostra o dia a dia do personagem e até sua intimidade com a família. O filme também traz imagens de arquivos muito rico, além de depoimentos com Alceu Valença.
“Havia um acervo muito rico e pessoal de Michiles em uma caixa de sapato com centenas de fotografias dele, inclusive com dois anos de idade. Havia a carteira de estudante dele e todos os seus documentos. Contamos também com o arquivo da TV Viva de Olinda que gravou muito o Carnaval de lá. E o outro trecho dos carnavais mais antigos do Recife, vieram da TV Fundação Joaquim Nabuco, que é uma instituição de pesquisa fundamental, veiculada com o Governo Federal aqui do estado”, disse o diretor Helder Lopes, durante a coletiva do filme, que conseguiu levantar a plateia, na primeira noite do Cine PE. Sem contar que o filme também teve um pesquisador importante, na pré-produção do filme.
Michiles que estava presente disse que entrou naturalmente no filme e que desde menino, assim como foi sua trajetória, tudo aconteceu espontaneamente. E ainda complementou que Helder entrou na intimidade dele maravilhosamente bem, mostrando tudo e até mesmo o que não devia ter sido mostrado. “Frevo Michiles” foi um dos premiados, levando o Calunga por melhor trilha sonora. E realmente, foi merecido. O filme também foi escolhido como melhor filme, pela Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema.
A primeira homenagem do festival aconteceu na segunda noite. Em seus pouco mais de 40 anos, o ator Caio Blat que começou sua carreira desde menino, retornou ao palcos do Cine PE ao lado de sua companheira a atriz Luisa Arraes, para receber seu Calunga de Ouro, pela mãos do cineasta pernambucano Cláudio Assis, com quem trabalhou no filme “Baixio das Bestas”. Antes da homenagem, foi passado o curta-metragem “Travessia”, de Gabriel Lima, trabalho recente no qual Caio Blat foi um dos protagonistas, ao lado da atriz Juliane Araújo que assina também, como roteirista do curta.
“Eu carrego uma paixão pelas pessoas que me ensinaram e estiveram ao meu lado como o Claudão que realmente é meu ídolo e um cara que passou por dificuldades de saúde recentemente e estamos sempre torcendo para que ele esteja bem, que esteja forte e que continue filmando o cinema dele”, falou Caio Blat durante a coletiva no dia seguinte, para a imprensa. Blat também citou Othon Bastos ator no qual ele admira e que já trabalho muito junto, e que foi seu pai na novela “Éramos Seis” do SBT, quando Caio ainda era um menino, em começo de carreira.
A segunda noite foi marcada também, com a abertura das mostras competitivas de curtas (tanto os pernambucanos, quanto os nacionais). Os curtas pernambucanos foram: a animação “Depois do Sonho”, de Ayodê França, e o documentário “Invasão ou Contatos Imediatos do Terceiro Mundo”, de Hugo Barros Aquino e Maria Eduarda Soares Gazal. Os nacionais foram: o catarinense “Eles Não São Estrangeiros”, de Pedro Bughay, a animação baiana “Quintal”, de Mariana Netto, o documentário do Amapá “Essa Terra é Meu Quilombo”, de Rayane Penha e a ficção “Moventes”, do Rio Grande do Norte.
O longa “Porto Príncipe”, de Maria Emília de Azevedo de Santa Catarina, encerrou a segunda noite do festival. Com uma bela fotografia e direção de arte e ótimo roteiro, na minha opinião, Porto Príncipe levou o Calunga de melhor filme do festival, pelo júri oficial. A premissa do filme é a imigração dos haitianos em terras catarinenses. Um desses haitianos é Bastide (Diderot Senat) que acaba conseguindo um emprego como ajudante geral na chácara de Bertha (Selma Egrei). Lá os dois acabam formando uma amizade muito verdadeira, porém Bertha confronta seu filho, que não gosta de Bastide de jeito nenhum. Sem contar que na pequena cidade serrana onde mora, Bertha tem que enfrentar o preconceito dos moradores. Além de ter recebido o prêmio de melhor filme, “Porto Príncipe” levou também, o Calunga de melhor ator para Diderot Senat.
Quando foi anunciado como melhor filme do festival, a diretora Maria Emília não acreditou.
“Foi surpreendente. A gente não estava esperando. E é claro que esse prêmio é da equipe, do elenco e da produção, disse emocionada, a diretora.
A terceira noite também foi marcada por homenagens. E homenagens mesmo, já que o a família Barreto (o casal Luiz Carlos Barreto e Lucy Barreto ao lado da neta Júlia Barreto) subiu ao palco para receber das mãos da atriz Letícia Spiller o Calunga de Ouro, para a empresa Produções Cinematográficas LC Barreto. Aos 95 anos Luiz Carlos Barreto foi ovacionado pela plateia, presente em peso.
“Vou citar pela 10ª vez o nome de Roberto Rossellini. Uma vez em um papo que tive com ele na Floresta da Tijuca, ele me disse: Barreto existem duas espécies de cinema, o cinema fútil e o cinema útil. Quem vai fazer cinema tem que escolher se vai fazer cinema fútil ou útil. Na LC Barreto nesses 60 anos, continuaremos a fazer o cinema útil”, disse Luiz Carlos Barreto sobre essa homenagem a sua empresa.
Na mesma noite foram exibidos os curtas pernambucanos “Mestra Judiatenga”, de Daniel Edmunson e Tuca Siqueira e a ficção ”Quebra Panela”, de Rafael Anaroli. Inclusive” Quebra Panela” levou os Calungas de melhor filme, direção e direção de arte. Dos curtas nacionais foram exibidos: ”Procuro Teu Auxílio para Enterrar um Homem”, de Anderson Bardot,” Instante” de Paola Veiga e a animação “Cadim”, de Luiza Pugliese Villaça.
O longa exibido no terceiro dia foi “Agreste”, do paulistano Sérgio Roizenblit. Com grande parte da equipe presente, o filme é uma adaptação da peça homônima de enorme sucesso de Newton Moreno, que também assina o roteiro do filme. De todos os longas, foi um dos que eu menos gostei, mas não deixa de ter seus méritos, como por exemplo a ótima atuação de veterana atriz Luci Pereira, que inclusive, saiu vencedora, na categoria de melhor atriz coadjuvante. O longa ainda levou o prêmio de fotografia, que na minha opinião agora de crítica de cinema, haviam filmes com fotografias melhores, além do prêmio de roteiro e melhor filme, pelo júri popular. Ou seja, o filme agradou ao público.
Em meios as mostras competitivas, o festival conseguiu encaixar na programação uma mostra de curtas (no quarto dia do festival), que falavam sobre cinema. A exibição ocorreu na sala de cinema do Porto Digital e foram exibidos sete títulos.
Aproveito aqui para dizer que essa é uma matéria geral do festival e farei mais uma falando só sobre os curtas-metragens, que para mim esse ano foram muito bons, inclusive os filmes da mostra paralela.
Os curtas da competitiva do quarto dia que encerrou a mostra pernambucana foram: “Coração da Mata”, de Camila Martins, “Alto do Céu”, de Léo Tabosa e “Filhos Ausentes”, de Virginia Guimarães. Dos nacionais foram: “Céu”, de Valtyennya Pires, “Única Saída”, de Sérgio Malheiros, “Eu Nunca Contei a Ninguém, emocionante animação, de Douglas Duan e “Fossilização”, de João Folharini. E foi quase unanimidade, que foi uma das melhores noites da mostra de curtas.
E nessa mesma penúltima noite de exibições se encerrou com o documentário baiano “Ijó Dudu, Memórias da Dança Negra na Bahia.” Dirigido por José Carlos Arandiba “ Zebrinha”. Em seu primeiro filme, o diretor que tem formação na dança clássica apresenta um panorama com depoimentos de importantes artistas da dança negra contemporânea soteropolitana e suas lutas tanto para se tornarem reconhecidos quanto no combate ao racismo. Gostei do filme, porém talvez ele pudesse ter se aprofundado um pouco mais, principalmente na questão da dança. Sai com vontade de conhecer mais sobre.
A última noite das mostras competitivas fechou na minha opinião, com chave de ouro. Na mostra de curtas nacionais foram exibidos: “Virtual Genesis”, ficção de Arthur B. Senra e o documentário “Solidariedade”, de Fernanda Pessoa.
O longa documentário “Chumbo”, de Severino Neto do Mato Grosso trouxe para as telas a importante questão da escravidão, da comunidade quilombola do Chumbo. Narrado pelas próprias mulheres locais que foram submetidas ao trabalho forçado, para terem que sobreviver. Uma das coisas que me chamou atenção nesse documentário foi a bela fotografia, entre os muitos depoimentos que nos faz refletir sobre as condições de trabalho, nesse nosso país desigual. E precisamos de mais filmes, sobre o centro oeste do Brasil, em nossos festivais.
O último e para mim, o melhor filme do festival foi “Entrelinhas”, de Guto Pasko, de Curitiba. Essa é inclusive a segunda vez consecutiva do diretor, no festival. O ano passado ele esteve com seu documentário bem pessoal, “Aldeia Natal”. Esse ano ele voltou com sua primeira ficção para o cinema, baseado em uma história real de uma jovem estudante que foi presa e torturada em Curitiba durante dez dias, na ditadura militar. Além de tecnicamente impecável nos quesitos fotografia, edição, som e direção de arte, o filme conta com a ótima atuação da atriz Gabriela Freire no papel da protagonista, e traz também como mãe da personagem a premiada atriz Patricia Saravy. A equipe e maior parte do elenco (que aliás estão muito bem também, no filme) além da própria personagem real junto com sua irmão que também esteve presa na ditadura, estiveram na sessão.
E o filme merecidamente foi premiado pelo júri oficial com os seguintes prêmios: diretor, atriz principal, montagem, som, direção de arte.
“Nossa produtora é de pequena a médio porte de Curitiba. Na teimosia há 22 anos eu e a Andrea tentando fazer cinema a partir do paraná. Já produzimos muita coisa na teimosia. Já dirigi muita coisa de ficção para a TV. Eu considero Entrelinhas minha estreia de ficção para cinema. Então é muito especial receber esse prêmio. Queria agradecer muito a Ana Beatriz Fortes e Elisabeth Franco Fortes, por ter confiado na produtora”, agradeceu o diretor Guto Pasko ao subir ao palco, para receber o Caluga, por melhor direção.
Esse ano também o festival trouxe os ganhadores da edição passada, que não puderam receber seus Calungas, por problemas técnicos nas projeções, não tendo ocorrido, a cerimônia de premiação presencial, no último dia do festival.
Além das sessões, os festival trouxe importantes seminários abertos ao público interessado. Um deles foi a Reforma Tributária e os Novos Desafios da Cultura, onde se foi discutido vários pontos da reforma e os impactos nas políticas culturais. Outro ponto importante foi sobre os direitos autorais nas obras audiovisuais. Confesso que deu um nó na cabeça dessa jornalista aqui, mas é preciso falar sobre isso, ainda mais para quem trabalha diretamente na produção cinematográfica.
Segundo a direção do festival a próxima edição está prevista para acontecer em maio de 2024, voltando a data, que sempre ocorreu o festival desde o começo.
CONFIRA A LISTA COMPLETA DOS VENCEDORES DO CINE PE 2023
MOSTRA COMPETITIVA DE CURTAS-METRAGENS PERNAMBUCANOS
MELHOR FILME – “Quebra Panela”, de Rafael Anaroli
MELHOR DIRETOR – Rafael Anaroli, por “Quebra Panela”
MELHOR ROTEIRO – Virgínia Guimarães, por “Filhos Ausentes”
MELHOR FOTOGRAFIA – Breno César, por “Coração da Mata”
MELHOR MONTAGEM – Priscilla Maria, Victória Drahomiro e André Hora, por “Coração da Mata”
MELHOR EDIÇÃO DE SOM – Matheus Mota e Jeff Mandú, por “Depois do Sonho”
MELHOR DIREÇÃO DE ARTE – Lia Letícia, por “Quebra Panela”
MELHOR TRILHA SONORA – Antônio Nogueira, por “Depois do Sonho”
MELHOR ATOR – Paulo César Freire, por “Invasão ou Contatos Imediatos do Terceiro Mundo”
MELHOR ATRIZ – Geraldine Maranhão, por “Alto do Céu”
MOSTRA COMPETITIVA DE CURTAS-METRAGENS NACIONAIS
MELHOR FILME – “Eu Nunca Contei a Ninguém” (PE), de Douglas Duan
MELHOR DIRETOR – Douglas Duan, por “Eu Nunca Contei a Ninguém” (PE)
MELHOR ROTEIRO – Paola Veiga, Roberta Rangel e Emanuel Lavor, por “Instante” (DF)
MELHOR FOTOGRAFIA – Lucas Loureiro, por “Fossilização” (RJ)
MELHOR MONTAGEM – Arthur B. Senra, por “Virtual Genesis” (DF)
MELHOR EDIÇÃO DE SOM – João Milet Meirelles, por “Quintal” (BA)
MELHOR DIREÇÃO DE ARTE – Douglas Duan, por “Eu Nunca Contei a Ninguém” (PE)
MELHOR TRILHA SONORA – Douglas Duan, por “Eu Nunca Contei a Ninguém” (PE)
MELHOR ATOR – Edmilson Filho, por “Única Saída” (RJ)
MELHOR ATRIZ – Ju Colombo, por “Fossilização” (RJ)
MOSTRA COMPETITIVA DE LONGAS-METRAGENS
MELHOR FILME – “Porto Príncipe”, de Maria Emília de Azevedo (SC/RJ)
MELHOR DIRETOR – Guto Pasko, por “Entrelinhas” (PR)
MELHOR ROTEIRO – Newton Moreno e Marcus Aurelius Pimenta, por “Agreste” (SP)
MELHOR FOTOGRAFIA – Humberto Bassanello, por “Agreste” (SP)
MELHOR MONTAGEM – Lucas Cesario Pereira, por “Entrelinhas” (PR)
MELHOR EDIÇÃO DE SOM – Kiko Ferraz, por “Entrelinhas” (PR)
MELHOR TRILHA SONORA – Jota Michiles, por “Frevo Michiles” (PE)
MELHOR DIRETOR DE ARTE – Isabelle Bittencourt, por “Entrelinhas” (PR)
MELHOR ATOR COADJUVANTE – Roberto Rezende, por “Agreste” (SP)
MELHOR ATRIZ COADJUVANTE – Luci Pereira, por “Agreste” (SP)
MELHOR ATOR – Diderot Senat, por “Porto Príncipe” (SC/RJ)
MELHOR ATRIZ – Gabriela Freire, por “Entrelinhas” (PR)
MENÇÃO HONROSA – O Júri de Longas-Metragens, composto pela produtora de casting Denise Del Cueto, o diretor e produtor executivo Oswaldo Massaini Filho, o ator Sérgio Fidalgo, o produtor cultural Márcio Henrique e a atriz Letícia Spiller, concederam menção honrosa ao filme “Ijó Dudu, Memórias da Dança Negra na Bahia” (BA), de José Carlos Arandiba, pela relevância do tema abordado, referente à memória, à história e à luta de gerações de mulheres e homens artistas pretos que fizeram de seus corpos e de suas expressões as principais ferramentas de afirmação política e pessoal.
JÚRI POPULAR – Para o público, o melhor curta-metragem pernambucano foi “Invasão ou Contatos Imediatos do Terceiro Mundo”, enquanto o curta-metragem amapaense “Essa Terra É Meu Quilombo”, de Rayane Penha, foi eleito o melhor curta nacional. O melhor longa-metragem escolhido pelo júri popular foi “Agreste”, de Sérgio Roizenblit.
PRÊMIO DA CRÍTICA – Composto pelos jornalistas e críticos de cinema Kel Gomes, Vítor Búrigo e César Castanha, o júri da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine) concedeu a Calunga de Melhor Longa-Metragem para o documentário pernambucano “Frevo Michiles”, de Helder Lopes. A crítica especializada escolheu “Moventes”, de Jefferson Cabral, como Melhor Curta Nacional.
PRÊMIO CANAL BRASIL DE CURTAS – Com júri formado pelos jornalistas e críticos Enoe Lopes, Ismaelino Pinto, Kel Gomes, Luiz Carlos Merten e Miguel Barbieri, o prêmio Canal Brasil de Curtas elegeu “Eu Nunca Contei a Ninguém”, de Douglas Duan, como o melhor curta desta edição. Com o objetivo de estimular a nova geração de cineastas, o Canal Brasil oferece um troféu e R$ 15 mil para o melhor filme de curta-metragem, que também é exibido em sua grade de programação.
1 Comentário para "Balanço Geral e Vencedores do Cine PE 2023"
Deixei Recife e Olinda em 1991 com uma bagagem de experiências no teatro da década de 50 no século passado, principalmente nas peças de Isaac Gondim Filho na direção de Alderico Costa. Também acompanhei os festivais de filmes super-8 e depois de dirigir com uma excelente equipe no cine-clube Leila Diniz (faço aqui uma homenagem a Geraldo Pinho de saudosa memória em tudo com amor tocou em sua vida no mundo técnico da imagem) que levamos às periferias de Olinda e Recife e poucas exibições no interior.Chegamos com nossos parceiros de Brasília Teimosa e de Nova Descoberta fazer uma produção em média metragem sobre as ocupações de terras para moradia em Recife com a direção de Jussara Freire . Final dos anos 80 fundamos com Geraldo Pinho e meus sócios Osmar Barbalho e Nilton Pereira a Espia Vídeo que em Olinda produzimos alguns documentários e nos engrandeceu fazendo as imagens para a propaganda política de Miguel Arrais.
Entre um momento e outro participei como ator no super-8 de criação coletiva Balthasar da Lomba. Depois em Árvore de Marcação um longa de Jussara Freire rodado na Paraiba.
No Brasil com períodos de secas e chuvas, principalmente no Nordeste e Norte, gerações culturais se perdem, mas o sonho de novas realizações não se perde. Sempre a primavera chega. Deixei Recife num governo Collor de muita tensão nos primeiros anos pós ditadura. Voltamos a pobreza cultural mas nossas raízes estavam vivas. O resultado está a vivo e a cores nesse festival de documentários. Três gerações culturais já lutaram, as últimas com Cláudio Assis e Kleber Mendonça; a novíssima chega com boas realizações. Fico feliz com as informações que vocês trazem com bom jornalismo. zapp 71 993716336