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Balanço Geral do Vertentes do Cinema 2025 por João Lanari Bo
Texto livre: Como foi meu Vertentes do Cinema neste ano?
Por João Lanari Bo
Mais um ano de intensa produção cinematográfica, filmes independentes de qualidade e blockbusters, ascensão do streaming como opção preferencial de consumo – nos EUA, segundo a IA, cerca de dois terços (aproximadamente 66%) dos adultos nos EUA preferem esperar o lançamento de filmes em plataformas de streaming do que ir ao cinema. Apenas 15% dos espectadores americanos optam pelo cinema como meio preferencial. No Brasil, embora não haja dados precisos, sete em cada dez brasileiros (72%) consomem algum serviço de streaming de vídeo, o que demonstra uma alta penetração desses serviços no mercado.
Essa é a realidade que impacta a crítica de cinema. Por um lado, no momento em que a Netflix se prepara para adquirir a Warner Bros., é mais uma indicação da morte do cinema, pelo menos em sua versão de meio de comunicação de massa melhor apreciado coletivamente nos cinemas. Por outro, a distribuição cinematográfica nas salas é dominada pelos blockbusters, que utilizam estratégias de lançamento massivo e alto investimento em marketing, enquanto o cinema independente enfrenta desafios significativos, dependendo de canais de nicho, festivais e distribuidores especializados.
Como reagir diante desse cenário? No streaming, selecionando filmes de maior empenho artístico e cultural do maior provedor, Netflix, de preferência que tenham sido lançados em salas, como “Frankenstein” e “Luta de Classes”. Há que se destacar quer muitos cineastas têm questionado a brevidade de exibição nas salas imposta pela Netflix. Outra maneira de reagir é prestigiar o streaming que veicula a produção independente, recente ou mais antiga, como MUBI e Reserva Imovision. “Último Tango em Paris”, “Confissões íntimas de uma cortesã chinesa”, “Os sonhadores”, “Mishima – uma vida em quatro tempos”, “Depois da Vida” e “Ninguém pode saber” são filmes singulares e importantes que se beneficiaram da circulação proporcionada pelo streaming.
Outro aspecto não negligenciável do extenso catálogo da Netflix, e, em menor medida do MUBI, é a possiblidade de acesso a cinematografias sem distribuição em salas, ainda que limitada a poucos títulos, sobretudo de países como Índia e Nigéria. “Por uma vida melhor: a Jornada” é uma minissérie nigeriana com pano de fundo social, enquanto que “Artigo 370 – Caxemira em Ebulição” e “Em Emergência” são exemplos de produção política de Bolywood.
Com eventual distribuição em salas e /ou exibição em festivais, mencione-se películas, em geral documentários, que lidam com momentos dramáticos da atualidade, Gaza e Ucrânia. No caso de filmes com temática ucraniana, “Guerra de Porcelana” e “A 2000 metros de Andriivka”. Em relação às produções focadas em Gaza, sublinhe-se “Guarde o Coração na Palma da Mão e Caminhe”, “Histórias do Marco Zero” e “Sem Chão”, este último vencedor do Oscar para documentário.
Filmes oriundos de tradicionais centros de produção, como França e Japão, inclusive em coproduções, também foram analisados, como “A Besta”, “Encontro com o Ditador”, “A Prisioneira de Bordeaux”, “Cloud – Nuvem de Vingança” e “A Verdade”.
Finalmente, cabe registrar um novo produto cada vez mais consolidado no cenário audiovisual, as séries para streaming, não apenas da Netflix, mas de provedores como HBO Max e Apple-TV, além da Globoplay. “O Lendário Martin Scorcese”, “House of Guinness”, “Cenas de um Casamento”, “O Eternauta” e “Seus Amigos e Vizinhos” são exemplos dessa tendência.

