A Coletiva de Imprensa de Wasp Network na Mostra SP
Por Vinicius Machado
“Wasp Network” foi o filme escolhido para abrir a 43ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo e, por isso, foi promovida uma coletiva de imprensa com a equipe do filme, composta pelo diretor Olivier Assayas, o produtor brasileiro Rodrigo Teixeira e os atores Edgar Ramirez e Leonardo Sbaraglia.
A conversa com os jornalistas foi muito amistosa e todos estavam à vontade ao responder as perguntas, principalmente as que envolviam política, já que Ramirez é venezuelano e interpreta um personagem cubano exilado em Miami. “Foi duro interpretar esse personagem porque meu país também é vítima de Castro e eu sou uma vítima dele também. Mas foi desafiador justamente por conta do meu trabalho, de tentar entender o outro”, diz o ator, que levanta o dado de que o maior número de exilados no mundo vem da Venezuela. “Para mim nesse momento parecia interessante interpretar um personagem capaz de deixar sua família para trás. São personagens que precisam tomar decisões muito drásticas e por isso queria entender a motivação delas. Eu creio que como artistas, devemos fazer um exercício de entender o outro e o que nos une como ser humano”, completou.
Já o ator Leonardo Sbaraglia evitou entrar na discussão política do filme. Ao ser perguntado o que mais lhe interessou no projeto, o argentino afirmou que foi a possibilidade de trabalhar com Assayas e o produtor Rodrigo Teixeira, com quem ele já havia trabalhado anteriormente. No entanto, ele também destaca as características de seu personagem. Ele interpreta Jose Basulto, dono da organização “Brothers to the Rescue”, que ajuda refugiados cubanos e realiza ações militantes anti-Castro. “Apesar do meu personagem ser característico, e ser um dos únicos a funcionar como um antagonista dentro do filme, é possível perceber a tridimensionalidade dele”.
Mas a estrela da coletiva foi Olivier Assayas que, sempre muito educado, respondia às perguntas com muitos detalhes e paixão pelo projeto. “Eu fiquei muito comovido quando li a obra de Fernando Morais e o que mais me interessou foi a parte emocional, humana das pessoas que saíram de Cuba e foram pros EUA, deixando pra trás sua família, seus filhos, suas esposas e eu me dediquei mais nisso”.
Assayas também alegou ter sido um grande desafio adaptar a obra de Fernando Morais, já que é um livro de muitos documentos, dados e detalhes. Ele se sentia na responsabilidade de mostrar os fatos, sem se direcionar ideologicamente. “Eu não sou cubano, nem americano, mas eu preciso me apoiar nos fatos sólidos, nós precisamos checar todos os dados, então nós assistimos filmes e lemos jornais para conseguirmos entregar isso”.
Ao ser perguntado sobre a força feminina de sua trama, o diretor também não poupou elogios às atrizes Penélope Cruz e Ana de Armas. “Eu me sinto muito honrado pelo elenco que tive e eu não sou um diretor que faz muitos ensaios, mas eu desenvolvo os personagens na medida em que vamos filmando. Por isso eu conto com atores íntegros, como foi o caso da Penélope e Ana de Armas”.
E por falar em Penélope Cruz, o produtor Rodrigo Teixeira afirmou que ela foi uma das últimas atrizes confirmadas. “Olivier só me contou quando já estava tudo acertado com a atriz para não gerar uma expectativa”, diz. E quando comprou os direitos de “Os Últimos Soldados da Guerra Fria”, teve a proposta de diversos diretores brasileiros, mas optou por dar aquilo que ele mesmo chamou de “longshot”. “Muitos diziam ser loucura, mas ofereci a história ao Olivier por meio de um produtor que já havia trabalhado com ele. Depois conversamos e Cannes e fechamos”.
Ainda sem título nacional e distribuidores definidos para o circuito comercial, Wasp Network terá três sessões na Mostra de São Paulo, nos dias 18, 20 e 26 de outubro. Para ter mais informações, acesse o site com a programação da Mostra (http://mostra.org). E acompanhe nossa cobertura completa e diária AQUI!