Curta Paranagua 2024

Mais Que o Máximo

Ficha Técnica

Direção: Gad Elmaleh
Roteiro: Gad Elmaleh, Caroline Thivel
Elenco: Gad Elmaleh, Pascale Arbillot, Jean Benguigui, Manu Payet, Ary Abittan, Daniel Cohen, Noémie Lvovsky, Gladys Cohen, Nicolas Jouxtel, Léane Grimaud, Jacques Spiesser, Gérard Depardieu
Fotografia: Gilles Henry
Efeitos especiais: Mac Guff Ligne
Produção: Alain Goldman
Distribuidora: Imovision
Estúdio: Légende Films / KS2 Productions / Studio Canal / TF1 Films Production
Duração: 95 minutos
País: França
Ano: 2009
COTAÇÃO: BOM

A opinião

A comédia francesa “Coco”, traduzido aqui no Brasil como “Mais que o máximo” faz de Gad Elmaleh, protagonista de Amar…Não Tem Preço ao lado de Audrey Tatou e comediante marroquino de stand-up (comédias em pé), um diretor estreante. Infere-se uma pessoalidade dele com a historia ficcional. Pode-se resumir o personagem principal como um emergente, um novo rico, que venceu na vida, mas não abandonou velhos hábitos e costumes natais.

Simon Bensoussan (Gad Elmaleh), conhecido por todos como Coco, é um milionário excêntrico e egocêntrico, mas muito bem-humorado e adorado por todos. Porém, seu temperamento muda quando sente uma pequena dor no peito, que acredita ser um ataque cardíaco. A partir daí, Coco faz da vida de todos os seus amigos e família um inferno, principalmente de seu filho, Samuel (Nicolas Jouxtel), para quem resolve organizar um grande evento – seu bar mitzvah. Toda comunidade judia deve aceitar que a comemoração aconteça seis meses antes da data correta, pois Coco acredita que tem poucos meses de vida.

A atmosfera é excêntrica também. Com sua fotografia excessivamente saturada ao colorido e a proposital mistura de elementos cenográficos que não se encaixam, objetivando o estilo brega de ser. O inicio apresenta um discurso de uma figura política famosa ao protagonista, que descreve as excelentes qualidades profissionais de seu trabalho, como a invenção do perfume “Água Vibrante” e a promoção a Legião de Honra. Acha-se que personagem irá acordar desse sonho. É tudo perfeito demais. Ele é poderoso demais. Muitos repórteres. E com a sua própria cidade (a sua casa) chamada “Cidade Coco” que mostra o quão importante ele é. Todos o adoram. Em doses lentas, as rachaduras começam a aparecer. O oportunismo de uns. As raízes, concretizadas pela sua família, o definem como um ser perdido em um ambiente perdido, mas com dinheiro. A mulher diz “Por que você não experimenta algo sóbrio”. Logo depois, ele aparece em sua festa com roupas coloridas, sem combinações. Nem tudo era perfeito em sua vida: sua família não tinha modos sociais – com patéticas expressões de carinho, palavrões e sem limites. O filho descreve a trajetória do pai. Sabe-se que ele comprava medalhas de mérito para decorar, fotos extravagantes, a tentativa de construção de uma sinagoga na lua, o judaísmo latente mas sem sentido e com uma “porchada”, uma garagem com vários porches.

Ele possui a ingenuidade de acreditar que tudo que faz é o máximo. “Eu vou arrasar, detonar”. Isso possibilita cenas surreais e vergonhosas como a dança Celebration e o pulo para uma plateia clássica e requintada, que teve como conseqüência a queda em uma mesa de doces. O espectador sente pena da maneira de agir de Coco. Neste momento, há a introspecção do personagem que revive o seu passado. Ele justifica o porquê de ser assim. “Minha vida é um grande final”, diz.

As imagens são ágeis e suntuosas. O exagero aumenta. Há um quadro de Coco como Andy Warhol . Há um elevador só para ele que diz “Você esta no topo”. A auto-afirmação é constante e presente. Ele tenta ser moderno, entender de artes, mas o lado provinciano está intrínseco. Tenta explicar a mãe o que é um SPA (espaço para relaxamento). Ela confunde-se com o “espaço”. Ele vê um quadro de Monet, que chama de “Money”. Quando um especialista histórico diz que a pintura, que custou 600.000 euros, é natureza morta com uma banana e uma pêra, eis que recebe a resposta de Coco. “Imagine se fosse uma salada de frutas”. O “coitado” escolhe entradas triunfais. Ele é extremamente passional, movido a emoção. Expressa o que se sente, sem se importar com que os outros pensam, protegido pelo dinheiro que pode comprar tudo, até os rabinos que iriam decidir se pode ou não antecipar a idade para a “primeira comunhão” judaica de seu filho, que prefere “patinação artística”. O dinheiro dele não expande suas idéias, continuando fechado, limitado e atrasado. O exagero comporta-se como um personagem concretizado. A irmã tem cachorros chamadas “Dolce e Gabbana”. O estresse causa um problema cardíaco e por ignorância do conhecimento acredita que vai morrer.

“Quero o maior evento, quero comprar de tudo, porque posso. Porque estou no topo. Quero meu filho voando em um canhão. Quero minha mulher chegando em uma carruagem. Quero que criem um mar vermelho, para poder dividi-lo. Pode até remover o estádio da França”, de novo as decisões são diretas, impensadas e passionais. Ele compete com um outro homem quanto ao poder de conseguir ações. Por isso pede ao prefeito que conceda feriado no dia seguinte à festa. “Se fizer eu pago”, diz. Para ele, quem não dava certo era um “Zé mane”.

“O que é gente importante?”, a mãe diz tentando frear o seu filho. “Se você não tiver nada, eles desaparecem. Pare de se exibir, de tentar ser melhor que os outros”, tenta coloca-lo no lugar. “Cuidado. Uma mulher quando explode é sem retorno”, diz sobre a sua mulher que esta no limite. Ele luta para mudar, mas é difícil. “Vou a Mônaco, mas quero algo simples”, a cena seguinte ao que disse o mostra em um iate caro. As situações são apresentadas como epifanias surreais.

O longa segue ao sentimentalismo. É uma pena. Quando cria a redenção do personagem. Ele precisa viver a sua família e mitigar o egocentrismo. É superficial e previsível, mas salva-se na ultima parte, mantendo característico as inerências do seu personagem, quando diz “Quer que papai compre uma pista de gelo?” e quando o filme é dedicado a todos os “Zé mane”.

É divertido e despretensioso. Serve como uma reflexão não muito profunda de buscar a simplicidade. Uma sessão da tarde francesa com mais qualidade, mas peca por deixar na superficialidade.

O Diretor

Gad Elmaleh (Casablanca, 19 de abril de 1971) é um ator e comediante stand up marroquino.

Filmografia

2011 – Tintim e o Segredo do Licorne (pós-produçāo)
2009 – Mais que o Máximo
2007 – Comme ton père
2006 – Amar não Tem Preço
2006 – Contratado para Amar
2005 – Olé!
2005 – Bab el web
2004 – Les 11 commandements
2003 – Xuxu
2003 – La beuze
2002 – A+ Pollux
2001 – La vérité si je mens! 2
2000 – Deuxième vie
2000 – On fait comme on a dit
1999 – Clown
1999 – De source sûre
1999 – Dieu, que la nature est bien faite!
1999 – Les petits souliers
1999 – Trait d’union
1998 – Trem da Vida
1998 – Aqui Entre Nós
1997 – XXL
1996 – Les soeurs Hamlet
1996 – Olá Primo!
1994 – Manivelle

Pix Vertentes do Cinema

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